A existência precede a essência.
O leitor deste blog já percebeu, então, que ele não existe, no momento, como ato. Embora continue existindo como potência renovada.
Tenho me dedicado a escrever outras coisas, de porte maior e que me exigem muita dedicação. Com isso, não tenho conseguido me dedicar às atualizações do Blog.
Paro por aqui, então.
Até uma volta, quem sabe.
Em tempo: continuarei atualizando o site: www.pansarelli.org
domingo, 11 de setembro de 2011
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Inscrição em Evento
Foi publicada a Segunda Circular de divulgação do V Encontro Nacional e III Encontro Internacional do GT Ética e Cidadania da ANPOF, que ocorrerá entre 16 e 18/11/2011 na UFABC, S. Bernardo, e terá como tema A Filosofia na América Latina. Suas potencialidades e desafios. Estão abertas inscrições para participantes com ou sem apresentação de trabalho. Veja mais informações nos link abaixo:
- Para acessar a Segunda Circular, clique aqui.
- Para acessar o site do evento, clique aqui.
- Para ver o cartaz de divulgação, clique na figura abaixo
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- Para acessar o site do evento, clique aqui.
- Para ver o cartaz de divulgação, clique na figura abaixo
domingo, 19 de junho de 2011
Filosofighters
A revista Superinteressante lançou um webgame que "brinca" com os filósofos. É o Filosofighters, uma espécie de Street Fighter de filósofos. Como jogo, segue bem o padrão webgame: simples, sem nada especial. A diversão fica com a inusitada presença de personagens como Platão, Maquiavel, Marx, Sartre e outros. Seus "superpoderes" também são brincadeiras com as teorias dos pensadores - Marx, por exemplo, determina aos proletários: "Uni-vos", e eles, em massa, passam por cima do inimigo...
O vídeo com a chamada para o jogo pode ser visto abaixo.
O jogo está disponível aqui.
O vídeo com a chamada para o jogo pode ser visto abaixo.
O jogo está disponível aqui.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Finitude em Bagé
Penso que já escrevi aqui no blog sobre a prática da releitura dos clássicos. Há obras que lemos e relemos pelo prazer de acompanhar o desenvolvimento das ideias apresentadas - assim como, por vezes, vemos e revemos algum filme ou peça teatral, ouvimos e ouvimos novamente as músicas... Há alguns textos que eu procuro retomar, no mínimo, a cada ano, ainda que seja para uma passada de olhos.
Naturalmente, há clássicos e clássicos. Uma categoria deles, em especial, eu chamo respeitosamente - e não há ironia nisto - por "leitura de banheiro". Concordo com o Rubem Alves quando ele defende que deveríamos desenvolver o hábito de manter pequenas bibliotecas nos banheiros (veja no seu livro Por uma educação romântica).
Por motivos muitos, seria difícil ler Kant ou Hegel no banheiro. Husserl e Heidegger idem. Talvez os alemães exijam especial concentração. Ou sejam indigestos, quem sabe. Lá, prefiro as comédias. Quadrinhos ou irônicos ou sarcásticos, talvez até as sutis. Dia destes me deparei com o Luis Fernando Veríssimo - que não sai do meu banheiro. Transcrevo um trecho, quem sabe para ajudar a estimular alguém:
Finitude
[...]
- Te abanca, índio velho, que tá incluído no preço.
- Ai - diz o paciente. [que recebera um joelhaço, tradicional no início das consultas do Analista]
- Toma um mate?
- Nã-não... - geme o paciente.
- Respira fundo, tchê. Enche o bucho que paça.
O paciente respira fundo. O analista de Bagé pergunta:
- Agora, qual é o causo?
- É depressão, doutor.
O analista de Bagé tira uma palha de trás da orelha e começa a enrolar um cigarro.
- Tô te ouvindo - diz.
- É uma coisa existencial, entende?
- Continua, no más.
- Começo a pensar, assim, na finitude humana em contraste com o infinito cósmico...
- Mas tu é mais complicado que receita de creme Assis Brasil.
- E então tenho consciência do vazio da existência, da desesperança inerente à condição humana. E isso me angustia.
- Pos vamos dar um jeito nisso agorita - diz o analista de Bagé, com uma baforada.
- O senhor vai curar a minha angústia?
- Não, vou mudar o mundo. Cortar o mal pela mandioca.
- Mudar o mundo?
- Dou uns telefonemas aí e mudo a condição humana.
- Mas... Isso é impossível!
- Ainda bem que tu reconhece, animal!
- Entendi. O senhor quer dizer que é bobagem se angustiar com o inevitável.
- Bobagem é espirrá na farofa. Isso é burrice da gorda.
- Mas acontece que eu me angustio. Me dá um aperto na garganta...
- Escuta aqui, tchê. Tu te alimenta bem?
- Me alimento.
- Tem casa com galpão?
- Bem... Apartamento.
- Não é veado?
- Não.
- Tá com os carnê em dia?
- Estou.
- Então, ó bagual. Te preocupa com a defesa do Guarani e larga o infinito.
- O Freud não me diria isso.
- O que o Freud diria tu não ia entender mesmo. Ou tu sabe alemão?
- Não.
- Então te fecha. E olha os pés no meu pelego.
- Só sei que estou deprimido e isso é terrível. É pior do que tudo.
Aí o analista de Bagé chega a sua cadeira para perto do divã e pergunta:
- É pior que joelhaço?
(Extraído de Todas as histórias do analista de Bagé, editora Objetiva)
Naturalmente, há clássicos e clássicos. Uma categoria deles, em especial, eu chamo respeitosamente - e não há ironia nisto - por "leitura de banheiro". Concordo com o Rubem Alves quando ele defende que deveríamos desenvolver o hábito de manter pequenas bibliotecas nos banheiros (veja no seu livro Por uma educação romântica).
Por motivos muitos, seria difícil ler Kant ou Hegel no banheiro. Husserl e Heidegger idem. Talvez os alemães exijam especial concentração. Ou sejam indigestos, quem sabe. Lá, prefiro as comédias. Quadrinhos ou irônicos ou sarcásticos, talvez até as sutis. Dia destes me deparei com o Luis Fernando Veríssimo - que não sai do meu banheiro. Transcrevo um trecho, quem sabe para ajudar a estimular alguém:
Finitude
[...]
- Te abanca, índio velho, que tá incluído no preço.
- Ai - diz o paciente. [que recebera um joelhaço, tradicional no início das consultas do Analista]
- Toma um mate?
- Nã-não... - geme o paciente.
- Respira fundo, tchê. Enche o bucho que paça.
O paciente respira fundo. O analista de Bagé pergunta:
- Agora, qual é o causo?
- É depressão, doutor.
O analista de Bagé tira uma palha de trás da orelha e começa a enrolar um cigarro.
- Tô te ouvindo - diz.
- É uma coisa existencial, entende?
- Continua, no más.
- Começo a pensar, assim, na finitude humana em contraste com o infinito cósmico...
- Mas tu é mais complicado que receita de creme Assis Brasil.
- E então tenho consciência do vazio da existência, da desesperança inerente à condição humana. E isso me angustia.
- Pos vamos dar um jeito nisso agorita - diz o analista de Bagé, com uma baforada.
- O senhor vai curar a minha angústia?
- Não, vou mudar o mundo. Cortar o mal pela mandioca.
- Mudar o mundo?
- Dou uns telefonemas aí e mudo a condição humana.
- Mas... Isso é impossível!
- Ainda bem que tu reconhece, animal!
- Entendi. O senhor quer dizer que é bobagem se angustiar com o inevitável.
- Bobagem é espirrá na farofa. Isso é burrice da gorda.
- Mas acontece que eu me angustio. Me dá um aperto na garganta...
- Escuta aqui, tchê. Tu te alimenta bem?
- Me alimento.
- Tem casa com galpão?
- Bem... Apartamento.
- Não é veado?
- Não.
- Tá com os carnê em dia?
- Estou.
- Então, ó bagual. Te preocupa com a defesa do Guarani e larga o infinito.
- O Freud não me diria isso.
- O que o Freud diria tu não ia entender mesmo. Ou tu sabe alemão?
- Não.
- Então te fecha. E olha os pés no meu pelego.
- Só sei que estou deprimido e isso é terrível. É pior do que tudo.
Aí o analista de Bagé chega a sua cadeira para perto do divã e pergunta:
- É pior que joelhaço?
(Extraído de Todas as histórias do analista de Bagé, editora Objetiva)
sábado, 7 de maio de 2011
Evento da UNIMEP
Reproduzo abaixo o cartaz de divulgação do III Ciclo de Estudos em Filosofia, promovido pelo Centro Acadêmico de Filosofia da UNIMEP. Este ciclo terá como tema geral a América Latina Outras informações estão disponíveis no blog do CA: http://immanens.blogspot.com
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Por trás dos homossexuais
Ontem aconteceu algo especialmente relevante no cenário político nacional. Nosso órgão máximo do judiciário reconheceu o direito dos homossexuais constituírem família - o que já se verificava na prática passa a ser, agora, direito. A coisa foi tão séria que tomou toda a metade superior da capa da Folha de S. Paulo de hoje (veja aqui).
Para além da conquista dos homossexuais, a relevância da decisão encontra-se no que está por trás do tema (sem maldades): uma decisão radicalmente contrária aos interesses das igrejas em geral e da católica em particular. A CNBB enviou um representante para que defendesse o não reconhecimento do direito dos homossexuais. Os evangélicos tiveram o mesmo direito, mas não o exerceram. O Supremo decidiu a favor dos interessados e contra a indústria da fé.
Não é coisa pouca. Lembremos que há poucos anos Lula fazia um acordo com o Vaticano que deixou muitos de cabelos em pé. E que na véspera das eleições presidenciais de 2010 os três candidatos mais votados afirmaram não apoiar o direito de aborto, cedendo a pressão católica/cistã. Duas candidatas eram mulheres.
Ontem o judiciário mostrou algo que nem o executivo, muito menos o legislativo, têm se disposto a fazer. O Brasil é laico. Ou deveria ser.
Para além da conquista dos homossexuais, a relevância da decisão encontra-se no que está por trás do tema (sem maldades): uma decisão radicalmente contrária aos interesses das igrejas em geral e da católica em particular. A CNBB enviou um representante para que defendesse o não reconhecimento do direito dos homossexuais. Os evangélicos tiveram o mesmo direito, mas não o exerceram. O Supremo decidiu a favor dos interessados e contra a indústria da fé.
Não é coisa pouca. Lembremos que há poucos anos Lula fazia um acordo com o Vaticano que deixou muitos de cabelos em pé. E que na véspera das eleições presidenciais de 2010 os três candidatos mais votados afirmaram não apoiar o direito de aborto, cedendo a pressão católica/cistã. Duas candidatas eram mulheres.
Ontem o judiciário mostrou algo que nem o executivo, muito menos o legislativo, têm se disposto a fazer. O Brasil é laico. Ou deveria ser.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Encontro Internacional
Está on line o site do V Encontro Nacional e III Encontro Internacional do GT Ética e Cidadania da ANPOF, que terá como tema geral Filosofia em América Latina: suas potencialidades e desafios.
O encontro ocorrerá nos dias 16, 17 e 18 de novembro de 2011, no Campus S. Bernardo da UFABC. A programação completa será divulgada em breve.
As inscrições para participantes - com apresentação de trabalhos ou não - já estão disponíveis.
O endereço do site é www.eticaecidadania.org.
O encontro ocorrerá nos dias 16, 17 e 18 de novembro de 2011, no Campus S. Bernardo da UFABC. A programação completa será divulgada em breve.
As inscrições para participantes - com apresentação de trabalhos ou não - já estão disponíveis.
O endereço do site é www.eticaecidadania.org.
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