terça-feira, 29 de abril de 2008

E as izabelas, várias?

O Brasil está em choque há um mês. Trinta dias que "o caso isabela" (ou izabela, ou izabella, não sei...) está na mídia de massas, invariavelmente. Na mídia sensacionalista, ao menos em três turnos diários. Na mídia que tenta parecer séria, duas: os jornais do início da tarde e os da noite. No início parece que até houve uma comoção com a isabela, a pessoa, a menina. Agora, descaradamente o 'negócio' é O CASO, não mais a isabela.



No mundo, em média morre de desnutrição 1 criança a cada 3 segundos. (quantas crianças, digo, quantos segundos faz que você está lendo essa postagem?) Não se fala muito nisso. Às vezes se fala, mas quase nada se faz.
Quem se comoveu pela vida destruída das crianças da cracolândia, que a prefeitura de SP disse ter eliminado, mas apenas a mudou para 2 quarteirões abaixo?
Alguém se lembra qual era o nome daquela menina-adolescente que foi presa numa cela de homens, estuprada várias vezes em poucos dias, quando estava sob custódia do Estado?

sábado, 26 de abril de 2008

Curso gratuito


Curso gratuito - Filosofia existencial: leituras de Jean-Paul Sartre, será ministrado na Universidade Metodista de São Paulo, dias 9, 12, 14 e 16 de maio, das 18h00 às 19h30. Veja a ementa:

O curso terá por objeto o pensamento filosófico de Jean-Paul Sartre, sobretudo em suas reflexões acerca do conceito e da caracterização de uma filosofia existencialista. Partindo de uma contextualização filosófica do pensamento sartreano, será estudada a conferência O existencialismo é um humanismo, bem como pequenos e pontuais trechos de O ser e o nada. Buscar-se-á, nos estudos, extrair do próprio texto sartreano uma concepção de existencialismo.

Mais informações, clique aqui.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Encontro de professores de filosofia

Novamente ando afastado do blog... novamente falta tempo (ou sobram coisas a se fazer no mesmo tempo, o que dá no mesmo).
Enquanto não consigo escrever sobre tantas coisas que vêm ocorrendo no cotidiano (de terremotos a padres voando em balões de gás), vou divulgando mais um evento. Trata-se do 2º Encontro de Professores de Filosofia do ABC, cujo cartaz segue abaixo (clique sobre a imagem para ampliá-la).
Para mais informações e para fazer sua inscrição (gratuita), acesse o site do Curso de Filosofia da Metodista.


sexta-feira, 4 de abril de 2008

Liberdade sem Deus

O tema "deus" é invariavelmente causador de polêmicas entre os leitores de filosofia. Isso se deve, acredito, a uma certa dificuldade das pessoas em lidar separadamente com sua fé e com um "objeto de estudos". Curioso é que fazemos isso em outras áreas: estudamos que a qualidade do ar é nociva à saúde, mas não saímos dos centros urbanos para buscar um ar mais puro: parece que o ar estudado é diferente do ar respirado. O mesmo não acontece com deus: muitas vezes, quando um filósofo propõe alguma argumentação que envolva deus, seu interlocutor põe a crença pessoal como uma barreira que impede a reflexão filosófica, mais ou menos como que censurando o assunto.
A postura dos filósofos quanto ao "problema de deus" (essa expressão é no mínimo curiosa... mas refere-se a deus como problema filosófico) é bastante diversa; vai desde a busca por uma prova lógica ou ontológica de sua existência (Tomás) até a tentativa e sucesso no assassinato da figura divina (Nietzsche), passando por tantas outras. Uma destas posturas que mais me agrada é a de Sartre, que se poupa de discutir a existência ou não de deus: ele parte do princípio de que deus não existe. E, se não existe, não há porque empreender tempo filosofando sobre ele...
É nesse contexto que Sartre desenvolve sua filosofia existencialista que, sobre esse aspecto, pode ser entendida no seguinte trecho:

O existencialista, pelo contrário, pensa que é muito incomodativo que Deus não exista, porque desaparece com ele toda a possibilidade de achar valores num céu inteligível; não pode existir já o bem a priori, visto não haver já uma consciência infinita e perfeita para pensá-lo; não está escrito em parte alguma que o bem existe, que é preciso ser honesto, que não devemos mentir, já que precisamente estamos agora num plano em que há somente homens. Dostoiévski escreveu: “Se Deus não existisse, tudo seria permitido”. Aí se situa o ponto de partida do existencialismo. Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe, fica o homem, por conseguinte, abandonado, já que não encontra em si,nem fora de si, uma possibilidade a que se apegue. Antes de mais nada, não há desculpas para ele. Se, com efeito, a existência precede a essência, não será nunca possível referir uma explicação a uma natureza humana dada e imutável; por outras palavras, não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Se, por outro lado, Deus não existe, não encontramos diante de nós valores ou imposições que nos legitimem o comportamento. Assim, não temos nem atrás de nós, nem diante de nós, no domínio luminoso dos valores, justificações ou desculpas. Estamos sós e sem desculpas. É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado porque não se criou a si próprio; e, no entanto, livre porque, uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer.

Extraído de O existencialismo é um humanismo