quarta-feira, 29 de outubro de 2008

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Razões Oprimidas

Um dos diversos temas filosóficos que me inquietam há algum tempo é a questão da racionalidade. Por um lado, instiga-me pensar que não somos exatamente animais racionais - bem , é verdade que entendo com facilidade a concepção de que o ser humano não é um animal racional, mas um animal que tem a racionalidade ao lado de outras faculdades; por outro, instiga-me pensar que, se nos entendermos como animais racionais, estaremos necessariamente presos ao projeto da modernidade, que já tem no modelo antropológico eurocêntrico, quiçá iluminista, seu ideal.
Para nenhuma dessas duas reflexões, acima, tenho respostas. Se por um lado concebo o ser humano como muito-mais-que-racionalidade, por outro entendo-o (entendo-me, portanto) como racional-e-algo-mais... Se, por outro, concebo a racionalidade como parte do projeto da modernidade (para saber mais sobre isso, veja a introdução de Enrique Dussel ao livro Ética da Libertação, ao não ver-me como a-racional não vejo-me como a-moderno e, portanto, não vejo-me como a-europeu. Contrariado, talvez, sou obrigado a concordar com meu amigo prof. Marcos Sidnei ao afirmar que o projeto da modernidade nunca falhou...
Angustiado, pensando nestas questões, percebo nos estudos recentes do prof. José Eustáquio Romão, uma alternativa. Romão tem defendido que o problema não é o fato da filosofia, eurocêntrica, ser racional; mas sim o fato da racionalidade aceita pela filosofia como base e instrumento filosófico estar no singular. Segundo ele não há uma racionalidade, mas racionalidades. E, ainda segundo ele, o mundo globalizado abre espaço e exige que se manifeste uma racionalidade oprimida, não-eurocêntrica.
O prof. Romão falará sobre essa questão no próximo dia 30/10, na FEUSP, em evento aberto ao público, como segue:

A ÁREA TEMÁTICA de FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO E

O NUCLEO de ESTUDO e PESQUISA EM FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

NEPEFE

convidam para a sessão dos

SEMINÁRIOS ABERTOS
DE FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Dia: 30 de outubro de 2008
14:00-17:00 h. Faculdade de Educação / USP

Av. da Universidade, 308 - Cidade Universitária
Sala 103, Bloco B



Tema:

As razões oprimidas no mundo em globalização.

Expositor:



José Eustáquio Romão

Graduado em História, pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1970) e Doutorado em Educação (1996), pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é professor do curso de Mestrado em Educação, na Universidade Nove de Julho (Uninove), em São Paulo (Brasil), onde coordena o Grupo de Pesquisa Culturas e Educação. É professor visitante da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT), de Lisboa (Portugal). Atuou como coordenador e professor dos programas de mestrado (Educação, Letras e Psicologia) do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CESJF). É um dos fundadores do Instituto Paulo Freire e coordenador da Cátedra do Oprimido, vinculada à Universitas Paulo Freire (Unifreire).

É autor de vários livros, dentre os quais se destacam: Poder local e educação (1992), Avaliação dialógica (1998); Dialética da diferença (2000); Pedagogia dialógica (2002), além de mais de três dezenas de artigos, publicados em periódicos científicos nacionais e estrangeiros.

Tem vasta experiência na área de administração escolar: foi Secretário da Educação de Juiz de Fora (1983-1988) e de Governo (1997-2000) desta mesma cidade. Foi Pró-Reitor de Ensino e Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora; Coordenador Local das Licenciaturas em Tefé, Amazonas. Desenvolve estudos sobre o pensamento de Paulo Freire, estendendo-o para uma Teoria da Civilização do Oprimido, isto é, demonstrando que os oprimidos e as oprimidas é que fazem o avanço das ciências, das tecnologias e das artes.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Convite: Sarau Filosófico

Repasso e reforço o convite abaixo, feito pelos alunos do Curso de Filosofia da Metodista.
Neste mesmo dia e local ocorrerá também o III Encontro de Professores de Filosofia do ABC (ver postagem abaixo)
Estarei lá!


Sarau de Filosofia na Metodista

Filosofia? O que é isso? Para alguns, a Filosofia é considerada a base de todas as ciências. Afinal, toda boa idéia nasce porque algum filósofo do passado – ou mesmo do presente – refletiu sobre os seus primeiros conceitos. No próximo sábado, 25 de outubro, das 8 às 17 horas, a Faculdade de Filosofia, da Universidade Metodista de São Paulo, abre suas portas para todos que desejarem conhecer um pouco desta fascinante ciência.

Teremos palestras com renomados professores de outras Universidades e, para completar, os alunos do curso montaram instalações nas salas de aula, no Edifício Beta, onde todos terão contato com a interessante disputa entre o filósofo Nietzsche e o compositor Wagner; conhecerão a linha do tempo da Filosofia; descobrirão alguns filósofos pouco explorados fora do mundo acadêmico da área, como o austríaco Karl Kraus, escritor, jornalista e autor da frase: “O fraco fica em dúvida antes de tomar uma decisão; o forte, depois”; ou Ludwig Wittgenstein e sua maneira tão particular de tratar a linguagem; e, claro, não poderiam faltar a esse encontro filósofos conhecidos de todos, como Sócrates, Platão, Aristóteles e Karl Marx.

E não se espantem se alguns desses personagens “aparecerem” no Sarau, pois os alguns alunos estarão trajados!

Todos os mestres também estarão presentes para responder às questões sobre o curso e as suas especialidades.

Não percam essa oportunidade para descobrir o fascínio da Filosofia.

Onde: Universidade Metodista de São Paulo
Endereço: Rua Alfeu Tavares, 149 – Rudge Ramos – São Bernardo do Campo – SP (Travessa da Rua Sacramento)
Quando: 25 de Outubro
Horário: das 8 às 17 horas
Prédio da Filosofia: Beta

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Convite: professores de filosofia

No dia 25/10, sábado, das 9h às 13h, a Universidade Metodista de São Paulo (Rua Alfeu Tavares, 149 (Auditório Delta), clique aqui para ver o mapa) realizará o III Encontro de Professores de Filosofia do ABC, protagonizado pelos professores Celso Favaretto (USP) e Marcos Sidnei Euzébio (Metodista). Além das palestras, haverá espaço para a troca de experiências e integração entre os diversos participantes.
O evento, gratuito, é aberto aos professores de filosofia da educação básica e todos demais interessados. As inscrições devem ser feitas pelo link www.metodista.br/filosofia.
Outras informações podem ser obtidas por e-mail (filosofia@metodista.br) ou telefone (4366-5891). Segue abaixo cartaz de divulgação do evento (clique na imagem para ampliá-la).

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Novas configurações do mundo

Recebi recentemente da editora um exemplar do livro Mutações: ensaios sobre as novas configurações do mundo, organizado por Adauto Novaes e com textos de nomes de respeito, tais como o do próprio organizador, de Renato Lessa, Franklin Leopoldo e Silva, Giacoia, Olgária Matos, Sérgio Paulo Rouanet, Alencastro dentre tantos outros.
Trata-se de uma obra de peso. Organizar um livro escrito a várias mãos (falo com conhecimento de causa...) é sempre difícil por colocar o organizador na condição daquele que precisa harmonizar o conjunto dos textos, sem poder interferir na concepção e no direito autoral de cada parte da obra. Nas Mutações percebemos não só o respeito dos autores à temática central, ainda que cada qual abordando o texto de sua perspectiva particular, mas também identificamos que cada um dos textos, invariavelmente, contribuir de maneira singular para a discussão proposta, que, diga-se, é ambiciosa:
À margem das discussões "desenraizadas do mundo", travadas entre modernos e pós-modernos, a obra parte de uma problemática definida: o mundo se está transformando em um ritmo anteriormente não experimentado; diante disso, é preciso pensar o futuro, ainda que, por vezes, sob a luz dos grandes nomes do passado (sim, Giacoia o faz, brilhantemente, a partir de Nietzsche; e para que não pensem que ele abandona a temática central do livro em favor do seu filósofo, adianto: ele aborda "As duas mutações de Nietzsche").
Certamente uma obra densa e que fornece tantos subsídios para se entender o presente e se pensar o futuro é uma obra necessária, sobretudo nos tempos de instabilidade e incerteza (próprios dos tempos de mutações) em que vivemos. Fica a recomendação.

Título: Mutações: ensaios sobre as novas configurações do mundo
Organização: Adauto Novaes
Editoras: Rio de Janeiro: Agir; São Paulo: SESC SP, 2008

Acesse o site do livro

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O verdadeiro filósofo

Este, O verdadeiro filósofo, é o título de um escrito de 1796, de César Chesneau du Marsais, do qual trago para o Blog algumas das passagens iniciais, pensando que possam contribuir à reflexão sobre o que é a filosofia e o que é um filósofo (ver, mais abaixo, postagens análogas, sobre Nietzsche e Heidegger):


Não há nada mais comum e que custe menos para adquirir, hoje em dia, que o nome de filósofo: uma vida obscura e retirada, alguma aparência de sabedoria com um pouco de leitura são suficientes para atrair esse nome para algumas pessoas que se honram com ele sem merecê-lo.
[...]O filósofo é uma máquina humana, como qualquer outro homem. Mas é uma máquina que, por sua constituição mecânica, reflete sobre seus movimentos. Os outros homens são determinados a agir sem sentir nem conhecer as causas que os fazem agir e e se mover, e sem mesmo imaginar que elas existem.
O filósofo, ao contrário, desvenda essas causas tanto quanto está ao seu alcance e, muitas vezes, chega a preveni-las e entrega-se a elas com conhecimento: ele é um relório que, por assim dizer, monta-se algumas vezes por si mesmo. Desse modo, ele evita os objetos que podem causar-lhe sentimentos que não convêm nem ao bem-estar nem ao ser racional, e procura aqueles que podem despertar-lhes afecções convenientes ao estado em que se encontra


O texto, traduzido por Regina Schöpke e Mauro Baladi, está publicado pela Martins Fontes.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Entrevista com Chomsky

Reproduzo abaixo entrevista do filósofo Noam Chomsky ao Fernando Rodrigues, publicada na edição de hoje da Folha de S. Paulo:

Capitalismo seguirá igual, diz Chomsky
Crítico de Bush, lingüista diz que governo evita palavra "estatização" para que público não reivindique direito de interferir

Intelectual de esquerda descarta o surgimento de um novo capitalismo pós-crash, com maior presença do Estado na economia


FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

Um dos intelectuais de esquerda mais respeitados do planeta, o lingüista Noam Chomsky, acha que a estatização total ou parcial do sistema financeiro dos EUA não vai ocorrer por causa da atual crise.
Colocaria em risco o que ele classifica de "tirania privada".
Por essa razão os governos do mundo desenvolvido evitam usar o termo até mesmo quando se trata de assumir o controle, ainda que só por algum tempo, de alguns bancos e corretoras que faliram por causa da crise atual.
Aos 79 anos, Chomsky leciona no MIT (Massachusetts Institute of Technology), uma das mais renomadas instituições de ensino superior dos EUA.
Para ele, se o governo norte-americano assumisse publicamente algumas de suas ações como "estatizações", abriria tecnicamente espaço para que os cidadãos do país também passassem a reivindicar o poder de interferir na condução do sistema. Até porque, diz o lingüista, "em princípio, o governo representa o público".
A possibilidade de um novo tipo de capitalismo surgir no pós-crash, com maior presença do Estado, é um cenário descartado por Chomsky. "A economia já é altamente dependente da dinâmica do setor estatal. É um sistema no qual o público paga os custos e assume os riscos, e os lucros são privados. Eu não vejo nenhuma indicação de que as instituições básicas do capitalismo de Estado estejam prestes a serem significativamente modificadas. É claro que a liberalização será reduzida, mas no interesse das instituições financeiras que vão sobreviver", diz ele.
A seguir, trechos da entrevistas de Chomsky concedida à Folha por e-mail.

FOLHA - Por que o governo dos EUA e banqueiros evitam expressões como "nacionalizar" ou "estatizar" ao falar dos pacotes de resgate para bancos nos quais haverá dinheiro público ou compra de ações pelo Estado?
NOAM CHOMSKY - Nós vivemos numa cultura altamente ideológica na qual "estatização" é uma palavra que põe medo, como "socialismo" (ou, para muitos, até "liberal"). A propósito, esse é um assunto sério. Se o Wells Fargo compra o Wachovia, então tudo fica dentro do setor privado -ou seja, dentro do sistema de tirania privada no qual o público não tem voz, em princípio. Dentro do sistema ideológico isso é chamado "livre mercado" e "democracia". Se [Henry] Paulson dá dinheiro público para bancos mas sem o direito de tomar decisões dentro dessas instituições, trata-se de um distanciamento da tirania pura chamada "liberdade", mas não muito. Se o governo adquire ações com poder de decisão dentro dos bancos, há sempre o risco de o público então também poder interferir -uma vez que, em princípio, o governo representa o público. Essa ameaça de democracia é muito mais severa para ser aceitável dentro do sistema doutrinário reinante.
Um aspecto intrigante do sistema é que o governo é visto como uma força externa, separada da população. E em muitos círculos, é interpretado como força opressora da população.
A idéia de o governo ser "para e pelo povo" é restrita a discursos patriotas e aulas de civismo nas escolas. Ou deveriam ser.

FOLHA - A onda de intervenção do Estados nas instituições financeiras será revertida no futuro ou haverá um novo cenário no qual mais bancos passarão de maneira perene a ser controlados pelo poder público?
CHOMSKY - A estatização completa é muito improvável pelas razões que eu mencionei. Uma ação nessa direção traria junto uma ameaça de democracia, ou seja, uma ameaça de o público se tornar envolvido nas tomadas de decisões sobre o sistema socioeconômico. O principal filósofo americano do século 20, John Dewey, observou que enquanto o público não ganhar controle efetivo das principais instituições da sociedade -financeiras, industriais, mídia etc.- a política permanecerá como "uma sombra dos negócios sobre a sociedade". Naturalmente, esse é o tipo de negócio que o mundo prefere. E a sua dominância sobre os sistemas doutrinários e políticos é tão enorme que a tirania privada é chamada de "democracia".
Já a ameaça de haver democracia real é chamada de "ameaça da tirania".

FOLHA - Esta é a pior crise econômica-financeira desde a Grande Depressão dos anos 30? Seria também o prenúncio de grandes mudanças no capitalismo como hoje o conhecemos?
CHOMSKY - Tem sido vista como a pior crise desde aquela época. Mas ainda não sabemos o quão severa será a crise econômica que está por vir.
Também acho que devemos ser cautelosos ao usar o termo "capitalismo". O sistemas existentes são de uma outra forma, um capitalismo de estado. Tem havido muita discussão sobre se o público deverá bancar o custo e o risco das operações de salvamentos dos bancos, mas essas lamentações -até por economistas que deveriam conhecer melhor as coisas- estão baseados na insatisfação ao se enfrentar a realidade de como a economia funciona.
A economia já é altamente dependente da dinâmica do setor estatal para que haja inovação e desenvolvimento. É um sistema no qual o público paga os custos e assume os riscos. Os lucros são privados. Eu não vejo nenhuma indicação de que as instituições básicas do capitalismo de Estado estejam prestes a serem significativamente modificadas. O sistema financeiro já foi alterado, com o colapso do modelo de bancos de investimentos. Já se reconheceu décadas atrás que a liberalização dos anos 70 embutiam um risco severo de crises repetidas e profundas. É claro que a liberalização será reduzida, mas no interesse das instituições financeiras que vão sobreviver. É possível que a retórica hipócrita do mercado fundamentalista seja também um pouco mais contida.

FOLHA - O sr. era jovem nos anos 30, mas vê semelhanças entre aquela crise a atual?
CHOMSKY - O desemprego era maior, mas essa é apenas uma das diferenças. Entre as semelhanças, creio que assim como naquela época, agora estamos indo em direção a um grande depressão.

FOLHA - Os últimos governos tomaram decisões liberalizantes para o mercado. Tanto o de George W. Bush como o de Bill Clinton -neste último, quebrando o muro que separava bancos comerciais de bancos de investimentos. Democratas e republicanos são igualmente responsáveis?
CHOMSKY - A responsabilidade pela situação atual é dos dois partidos. Alertas foram ignorados. No fundo, republicanos e democratas são ambos facções de um "partido dos negócios".
São um pouco diferentes, mas operam dentro da mesma estrutura institucional. Então não me parece ser uma surpresa que a culpa seja compartilhada. O problema é que essa discussão toda ignora o fato crucial da liberalização financeira: o seu impacto em solapar a democracia.

FOLHA - Quem o sr. acredita estar mais bem preparado para assumir a Casa Branca.
CHOMSKY - Barack Obama, provavelmente. Ao longo do tempo, a população se dá economicamente de maneira melhor com os democratas. Eles têm se movido à direita em políticas socioeconômicas. Mas John McCain é um descontrolado. É difícil saber o que ele poderia fazer. E os interesses que ele representa são extremamente perigosos para os EUA e para o mundo. Também para a esfera econômica.

FOLHA - Fala-se em num novo Bretton Woods, uma nova estrutura econômica mundial. Quem poderia liderar esse processo?
CHOMSKY - O poder ainda reside primeiramente nos EUA. Depois, na Europa. Apesar da diversificação na Ásia, o que vejo ainda é o G7 tomando a frente nesse papel de reformar o sistema.

FOLHA - Que tipo de capitalismo vai emergir da atual crise?
CHOMSKY - O capitalismo de Estado será provavelmente muito parecido ao atual, com um pouco mais de regulação e controle sobre as instituições financeiras, que serão reconstruídas (com os bancos de investimento). Mas não há indicações, pelo menos agora, de mudanças dramáticas.

sábado, 4 de outubro de 2008

Eleição e revolução

Estou atualmente ministrando um curso livre em que apresento uma leitura possível de conceitos-chave do pensamento marxista. Nesta semana, nas leituras deste curso, comentamos a "violência como parteira da história". É sempre curiosa a reação dos interlocutores quando lemos, em Marx, uma certa exaltação da violência - que eu, honestamente, entendo como simples tratamento explícito de algo invariavelmente presente, seja na manutenção ou na revolução social. Claro, vivemos em tempos de uma "cultura da paz", sem nos lembrar que como parte de "manter a paz", temos que "manter a ordem" e assim o status quo.

Em período eleitoral essa reflexão, sobre a violência necessária à transformação social, é especialmente interessante. Vemos pessoas momentaneamente envolvidas com política, esperançosas que um ou outro candidato, se e quando eleito, transformará a realidade. Vemos manifestações políticas, muitas vezes desastradas porque praticadas por inexperientes desorientados ou ingênuos politicamente, vindas das partes mais improváveis. Há quem não tenha feito política, pelo menos, nos últimos quatro anos, e agora, às vésperas das eleições, assume posturas, panfleta idéias, ainda que de forma desajeitada...
A crença, consciente ou não, no processo eleitoral talvez seja atualmente o maior ópio do povo. Não se faz revolução com, na ou pela eleição. Infelizmente.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008