sábado, 22 de setembro de 2007

Homenagem a Pablo Neruda

Amanhã (23) completará 34 anos da morte de Pablo Neruda. O poeta, comunista, morreu dias após o golpe que derrubou o governo socialista de Allende e instalou a ditadura militar no país.
Em homenagem a Neruda, transcrevo abaixo sua poesia:

QUEM MORRE?

Morre lentamente
Quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem não encontra graça em si mesmo

Morre lentamente
Quem destrói seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente
Quem se transforma em escravo do hábito
Repetindo todos os dias os mesmos trajeto,
Quem não muda de marca,
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou
Não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente
Quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções,
Justamente as que resgatam o brilho dos
Olhos e os corações aos tropeços.

Morre lentamente
Quem não vira a mesa quando está infeliz
Com o seu trabalho, ou amor,
Quem não arrisca o certo pelo incerto
Para ir atrás de um sonho,
Quem não se permite, pelo menos uma vez na vida,
Fugir dos conselhos sensatos...

Viva hoje !
Arrisque hoje !
Faça hoje !
Não se deixe morrer lentamente !

NÃO SE ESQUEÇA DE SER FELIZ

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Presidente, socorre eu

Às vezes (mais comumente do que se imagina) percebemos que a sociedade está virada de ponta cabeça. Reproduzo abaixo matéria publicada pelo site UOL, sobre o lavrador que foi detido ao entrar no Palácio do Planalto, na esperança de explicar ao Presidente que tem algo errado acontecendo no Brasil.
Quando a esperança é gerada, acredito em minha ingenuidade que o compromisso está assumido. E poucas coisas são mais tristes que se eliminar a esperança - o sonho com um futuro melhor, como forma de conseguir lidar com o presente, tão pior, a que se está obrigado a viver.

Lavrador tenta entrar no Palácio do Planalto para falar com Lula

O lavrador Ângelo de Jesus, de Pindobaçu (BA), invadiu na manhã desta quinta-feira (20), por volta das 9h, o Palácio do Planalto.


Ângelo passou pelo balcão de entrada sem se identificar e foi abordado pelos seguranças. Bastante nervoso, ele reagiu e se agarrou ao aparelho detector de metais. Anunciando que queria falar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele acabou detido por seguranças.

Imobilizado, ele gritava "presidente, socorre eu". Ângelo de Jesus argumentava que está há quatro dias sem comer e que está com hanseníase. Por conta desta doença, disse que está afastado do trabalho e não está conseguindo alimentar os seus quatro filhos.

O lavrador foi levado em uma ambulância do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal para o Hospital de Base de Brasília.

Enquanto o lavrador se manifestava, chegavam ao Palácio do Planalto os conselheiros que vão participar da 23ª reunião do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).


Em minha ingenuidade, penso que os conselheiros do desenvolvimento econômico e social tinham se alimentado melhor que o lavrador...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Mercadoria

Sensibilizada pela postagem abaixo (sobre a alienação) minha amiga Larissa enviou os quadrinhos que reproduzo abaixo. Clique sobre a imagem para ampliá-la

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Trabalhador alienado

O excesso de trabalho tem me afastado um pouco do blog.
Mas como a filosofia tem, antes de qualquer coisa, que se espantar com as coisas, tenho um prato cheio:
Qual é o objetivo de viver nesse ritmo a que nos submetemos nós, a maioria dos habitantes das megalópoles - tal qual São Paulo? Me vejo envolvido em um sem-número de projetos e atividades, e tenho a sorte (ou mérito [?]) de trabalhar atualmente apenas em projetos nos quais acredito: a coordenação de um Núcleo de Formação Cidadã, na universidade onde trabalho; a colaboração com o desenvolvimento e replanejamento de um Curso de Filosofia; as aulas, para turmas interessantes e de disciplinas que têm sido o foco de minhas pesquisas pessoais; as palestras ou pequenos cursos, ministrados sobretudo para sindicados ou escolas públicas (que tanto respeito)... enfim, não posso reclamar do tipo de trabalho que desempenho.
Mas ainda assim, mesmo para trabalhar em coisas que gosto, mal consigo me dedicar a outros e pequenos projetos pessoais - o relacionamento mais ativo com amigos ou mesmo este blog!
Isso me faz pensar em uma dupla dimensão da alienação do trabalho no mundo capitalista (lá vem Marx): a mais evidente, é aquela do trabalhador que não vê sentido no seu trabalho, o sujeito que trabalha tanto, e nem mesmo sabe direito o que significa aquele trabalho que ele realiza, qual a importância de sua participação na produção de algo maior... a outra, é a minha - alienação de quem faz o que quer, gosta do que faz, mas para fazê-lo na sociedade capitalista precisa dedicar uma tamanha disposição que não sobra espaço para mais nada...
Obrigado por ouvir estas lamentações <:>

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Evento: Filosofia da Educação

Segue abaixo convite para o próximo encontro dos Seminários Abertos de Filosofia da Educação", promovidos pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa em Filosofia da Educação / FEUSP.

A ÁREA TEMÁTICA de FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO E
O NUCLEO de ESTUDO e PESQUISA EM FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO NEPEFE
convidam para a sessão dos

SEMINÁRIOS ABERTOS
DE FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Dia: 20 de Setembro de 2007
14:00-17:00 h.

Faculdade de Educação / USP
Av. da Universidade, 308 - Cidade Universitária
Sala 149, Bloco B
(Entrada franca, sem prévia inscrição)

A filosofia da educação: o desafio da formação filosófica do educador
Debatedores:

Marilene Vieira
Maria Cristina Braga Tagliavini
Silvio Guarde


Núcleo de Estudo e Pesquisa em Filosofia da Educação
A/c Antônio J. Severino e M. Dulcinea Loureiro / Feusp/ Bloco A / Sala 225
Avenida da Universidade, 308 / São Paulo-SP 05508/900

sábado, 15 de setembro de 2007

Biblioteca Paulo Freire

Aos interessados na obra de Paulo Freire, vai o link da Biblioteca do autor, que disponibiliza suas obras on line: clique aqui para acessar.

Mas este Blog continua de luto...

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Luto

Este Blog está de luto, pela absolvição do presidente do Senado, e pelo apoio que ele recebeu dos partidos que historicamente se apresentavam como "de esquerda".

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Ele era inocente!

E o Renan era inocente! A justiça foi feita. Por 40 votos a 35 (e 6 que preferiram se abster - sim, eles têm esse direito, mesmo sendo pagos para decidir, podem decidir abster-se) o Senado Federal determinou que o Renan Calheiros é inocente.
Sim, claro que a justiça foi feita. Afinal, no nosso sistema, justiça é aquilo determinado pelos poderes republicanos estabelecidos. E conforme os poderes estabelecidos, a Carta Magna e as outras cartas, é o Senado Federal que deve julgar se um membro seu é ou não culpado de ato que deporia contra o "decoro parlamentar". Se a justiça assim o manda, a justiça foi feita. E os decisores julgaram a inocência de Renan. Mesmo ele não tendo provado de onde tirou dinheiro para pagar à nua jornalista (aguardem a Playboy...), mesmo ele tendo apresentado documentos que se contradizem, mesmo tendo entregue notas ficais falsas, digo, equivocadas por serem inexistentes frente ao fisco, mesmo, mesmo, mesmo... a justiça determinou que ele era inocente. Enão, justiça foi feita!
Em verdade, devo pensar aqui que o processo que foi julgado era sobre a quebra ou não do "decoro parlamentar". E, sob essa perspectiva, devo concordar com a decisão. Renan não quebrou o decoro instituído, muito pelo contrário: apenas fez aquilo que tantos outros fazem, agiu conforme o paradigma que impera no parlamento brasileiro. E se ele agiu como agem normalmente os parlamentares, não quebrou decoro, mas o reforçou. Viva a corrupção! Viva a robalheira do nosso - meu e seu - dinheiro, impostos, multas, cobranças diversas...
As instituições de direito estão notoriamente falidas no Brasil. O executivo corruptor (quantos ministros já cairam por denúncias de corrupção?), o legislativo corrompido (quantos parlamentares deixaram de cair, apesar das evidências de corrupção?) e o judiciário cego a tudo - as vendas que deveriam simbolizar a igualdade da justiça gravam na nossa sociedade a certeza da impunidade.
Frente a este caos no poder público - e é um caos sobre as Instituições, não interior a elas - não me espantaria ver, muito em breve, levantes armados e o rompimento da atual sociedade de direito. Não espantaria, afinal, de direito não há muito por ai...

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Quem tem pressa...

Em tempos de globo-colonização e informática, dedicamos cada vez menos tempo às coisas. As respostas razoáveis precisam ser quase imediatas - não se admite demoras. Eu, por exemplo, fiquei irritado por levar 6 horas para fazer uma viagem que, normalmente, faria em 3. Quase me esqueci quantos dias levaria para fazer essa mesma viagem há 50, 100 anos.

Mas algumas coisas não podem - ou não devem - ser feitas antes do seu tempo. Os resultados podem ser aparentemente favoráveis, circunstancialmente interessantes, mas desastrosos a longo prazo.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Memórias de 11 de setembro

Em 11 de setembro de 1973 o então presidente chileno Salvador Allende é assassinado, durante a resistência ao golpe militar liderado por Pinochet. Era o início da didatura no Chile.
Como de costume em momentos iniciais de uma ditadura, são duas as versões para o "fim" de Allende. Uma sugere que o presidente, socialista, teria se suicidado quando as tropas militares invadiram a sede do governo (Allende estava lá dentro). A outra versão conta que o presidente pegou em armas dentro do próprio palácio, lutando até a morte. Talvez por romantismo revolucionário, eu vejo mais coerência nesta segunda versão.
O site Mídia Independente traz a transcrição do último discurso de Allende, transmitido ao vivo via rádio, do palácio do governo, na manhã de 11/9/73.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Democracia e o cão(zinho)

Alguns dias atrás escrevi neste Blog sobre O Cão, Diógenes. E hoje me deparei com uma notícia que traz o mundo canino de volta a estas páginas, ainda que, agora, no diminutivo.
Coisa que só na democracia se poderia imaginar: os conteúdos específicos de Artes, a serem ensinados na educação básica (da pré-escola ao ensino médio) poderão ser definidos pelo deputado federal Frank Aguiar, o cãozinho dos teclados. Deputado federal Eleito por São Paulo, pelo PTB, o Caozinho tem atuado especialmente na comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados.
ÁUH!
Reproduzo abaixo notícia sobre o assunto, publicada no site da Câmara dos Deputados.

Câmara analisa diretrizes para ensino de artes na escola
A Câmara analisa a criação de diretrizes para o ensino de Artes na educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) dentro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96). A proposta (PL 741/07), apresentada pelos deputados Elismar Prado (PT-MG) e Frank Aguiar (PTB-SP), define os conteúdos a serem ministrados e distribuídos entre as várias séries.
Atualmente, apenas a obrigação da educação artística consta da lei. Pela proposta, música, teatro, dança, artes plásticas, fotografia, cinema, vídeo, design e noções sobre patrimônio artístico, cultural e arquitetônico devem constar da formação. O projeto também explicita que os professores devem ter formação específica na área e determina um prazo de três anos para que os sistemas de educação adaptem-se às novas exigências.
Os autores destacaram a importância da arte-educação no desenvolvimento da capacidade dos alunos de lerem e analisarem o mundo em que vivem. Além disso, segundo eles, a educação para as artes reúne, de forma multidisciplinar, conhecimentos sobre diversas áreas também fundamentais da educação, como história, geografia e línguas.

Tramitação
O projeto será analisado, em caráter conclusivo, pelas comissões de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Portal da Câmara dos Deputados, 3 set. 2007.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Deitado no berço

Este Blog estará ausente nos próximos dias, deitado em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo.
Até a volta.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Quem era o sujeito?

O que vou escrever aqui deve ser lido sem esperança de correção gramatical. Da gramática, lembro algumas coisas ensinadas pela professora Josefina, em minhas 5ª e 6ª séries... Mas uma coisa que lembro é que na análise sintática do sujeito de uma frase, podíamos classificá-lo de algumas formas. Tinha o sujeito oculto (aquele que estava lá, mas não aparecia, tal como alguns dos nossos políticos atuais). Tinha também aquele sujeito que não existia, ou o que era indeterminado. Se não me engano, era a terceira pessoa do plural que referia a esses sujeitos mais obscuros, um misto de ausentes e fujões - nem claros e nem ocultos, muito pior!
Quando se lê "Ouviram do Ipiranga, às margens plácidas", podemos perguntar: quem ouviu? E ficaremos nos perguntando eternamente, pois esse é justamente o tipo de sujeito que não existe ou, se existe, não se quer deixar identificar. Ai vem o problema: porque se não há certezas de que alguém - quem quer que seja - ouviu, como poderíamos saber se efetivamente foi euforicamente entonado o brado retumbante? E, o que é pior, se não houve brado, muito menos retumbante (ao menos não um brado que algum sujeito definido tivesse ouvido), fica a dúvida sobre a qualificação heróica do povo bradador!
Talvez isso tudo não passe de uma brincadeira, uma anedota contada por alguém, e justamente por isso o sujeito ouvinte, que poderia confirmar ou desmentir o fato, é inexistente. Ou no mínimo indeterminado.
É isso: brincadeira, anedota. O hino? - não, a independência!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

O cão

Certa vez ganhei de aniversário, de 3 amigos, o "Almanaque para 1949 do Barão de Itararé. É comédia de um jeito que já não se faz... De lá, busquei a seguinte brincadiera:

Duante a noite, Diogenes caminhava pelas ruas de Atenas , com uma lanterna acesa na mão. durante o dia, porém, dormia profundamente, como costumam os gurada-noturnos da atualidade. Vivia miseravelmente, mas nunca quiz aceitar um emprego de vigia de predios em construção, pois êle achava que isso já seria cinismo demais.

Seriedades à parte - seja quanto ao próprio Diógenes, seja quanto à condição de trabalho na atualidade - a história de Diógenes, chamado de O Cão, e uma das mais caricaturadas pelos filósofos da atualidade. Para conhecer mais, veja um site simples e interessante - clique aqui.
Aliás, para conhecer histórias e pensamentos de filósofos da antigüidade (e também para se divertir), nada como a Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres, de Diógenes Laércio (esse é outro Diógenes).