quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Trabalhador alienado

O excesso de trabalho tem me afastado um pouco do blog.
Mas como a filosofia tem, antes de qualquer coisa, que se espantar com as coisas, tenho um prato cheio:
Qual é o objetivo de viver nesse ritmo a que nos submetemos nós, a maioria dos habitantes das megalópoles - tal qual São Paulo? Me vejo envolvido em um sem-número de projetos e atividades, e tenho a sorte (ou mérito [?]) de trabalhar atualmente apenas em projetos nos quais acredito: a coordenação de um Núcleo de Formação Cidadã, na universidade onde trabalho; a colaboração com o desenvolvimento e replanejamento de um Curso de Filosofia; as aulas, para turmas interessantes e de disciplinas que têm sido o foco de minhas pesquisas pessoais; as palestras ou pequenos cursos, ministrados sobretudo para sindicados ou escolas públicas (que tanto respeito)... enfim, não posso reclamar do tipo de trabalho que desempenho.
Mas ainda assim, mesmo para trabalhar em coisas que gosto, mal consigo me dedicar a outros e pequenos projetos pessoais - o relacionamento mais ativo com amigos ou mesmo este blog!
Isso me faz pensar em uma dupla dimensão da alienação do trabalho no mundo capitalista (lá vem Marx): a mais evidente, é aquela do trabalhador que não vê sentido no seu trabalho, o sujeito que trabalha tanto, e nem mesmo sabe direito o que significa aquele trabalho que ele realiza, qual a importância de sua participação na produção de algo maior... a outra, é a minha - alienação de quem faz o que quer, gosta do que faz, mas para fazê-lo na sociedade capitalista precisa dedicar uma tamanha disposição que não sobra espaço para mais nada...
Obrigado por ouvir estas lamentações <:>

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