quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O leite...

Eu costumo ler as "colunas" do jornal Diário do Grande ABC, e geralmente me divirto com elas. Mas hoje encontrei lá uma notinha especialmente ácida (ou sou eu quem está mais ácido hoje?), escrita pelo Carlos Brickmann:

O ruim e o pior
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, garante que o problema do leite não é a falta de fiscalização. Nesse caso o problema é muito mais grave: vende-se leite com soda cáustica e água oxigenada com fiscalização e tudo.


Menos interessante, apenas para ilustrar, vi ontem à noite esta charge:



É de rir ou de chorar??

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Mais uma do Barão

Jà tive a oportunidade de transcrever aqui no Blog uma sábia reflexão publicada no Almanaque para 1949 do Barão de Itararé. Acabei de encontrar outra, muitíssimo atual - que poderia ser entendida perfeitamente no contexto de aquecimento global e e crise ambiental planetária. Ai vai:

Quem terá a razão?

Pitagoras calculou que a distancia da Terra á Lua era de 126 mil estadios. O estadio era uma medida olimpica que, reduzida a centavos, corresponde a 185 metros da nossa moeda.
Os astronomos modernos, entretanto, afirmam que a distancia média da Terra á Lua é de 450 mil quilometros.
Quem estaria com a razão? Pitágoras ou os nossos contemporaneos?
E não se poderia dar o caso em que todos estivessem certos? Quem sabe se, no tempo de Pitágoras, a Lua não estava distante de nós 23.290 quilómetros apenas? Quem sabe se a Lua, aborrecida com a nossa indesejável vizinhança, não vai se afastando cada vez mais da Terra?


(A grafia foi mantida, tal qual publicada em 1949)

domingo, 28 de outubro de 2007

Matematização do mundo

Na postagem anterior, falei sobre a tendência racional-positivista do método científico consagrado em nossos tempos. (Quando digo consagrado, refiro-me àquilo que Enrique Dussel chama por fetichizado, quando algo criado pelo ser humano passa a ser divinizado de tal modo que o próprio ser humano [criador] submete-se à sua criatura).
Encontrei nesta charge abaixo uma boa e triste expressão dessa incompatibilidade "método X ser humano".



Bom domingo a todos/as...

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Universidade e Conhecimento

Uma vez mais os muitos afazeres me afastam da regularidade nas publicações no Blog... mas vamos ao que interessa.

Terça-feira eu participei da mesa "Subjetividade e Globalização", na XXX Semana de Psicologia da UMESP - ao lado dos profs. Manoel e Edu Bastos. Em uma das partes da minha apresentação, caminhei por uma linha de pensamento segundo a qual a ciência (e sua metodologia) atual é essencialmente fundada no pensamento moderno europeu, o qual poderíamos simbolicamente definir como iniciado em Descartes (com seu racionalismo e egocentrismo exagerados) e chega ao seu ápice com Comte e a ambição positivista-lógica. Como desfecho dessa argumentação, apresentei como hipótese a possibilidade da ciência contemporânea ser essencialmente fundada em uma concepção de ser humano (cartesiana) e em uma concepção de ciência (comteana) inadequadas à sociedade contemporânea, particularmente na América Latina (talvez aqui a definição de "animal racional por excelência" nunca tenha sido muito feliz...). A conseqüência dessa hipótese seria que o simples fato de seguir as regras metodológicas da ciência atual limitaria nossa possibilidade de procução do conhecimento às possibilidades da ciência moderna-européia. E estariam ao menos parcialmente sujeitas a estas condições, inclusive, as ciências ou áreas que se pretendem não-positivistas (como a psicanálise), dada sua fundação num contexto essencialmente racionalista-positivista.
Referindo-se à parte da minha exposição acima resumida, o Robson, um amigo e aluno do Curso de Psicologia, fez um comentário que é o que eu gostaria de expor aqui no Blog (toda essa introdução foi apenas para contextualizar, ok?). Ele disse que se sentia até "aliviado" de ouvir esta crítica, visto que no geral a Univesidade apresenta seu modelo metodológico adotado como única possibilidade. Evidentemente que ele não se sente "à vontade" com essa pretensa "única possibilidade".
Estou, desde então, pensando quandos estudantes não sentem essa mesma angústia. Quantos sonhos dos calouros universitários são transformados pela metodologia da ciência na universidade. Quantas deformações não são assumidas como parte do processo formativo do profissional. E também, quanto conhecimento não deixa de ser produzido em função da mediocridade imposta pela metodologia padrão...
Fico pensando: e se Freud tivesse se rendido às consagradas metodologias da medicina de seu tempo...?

terça-feira, 16 de outubro de 2007

O salário do professor e a qualidade do ensino

Um novo debate começou ontem a ser travado nas páginas do jornal Folha de São Paulo. A matéria principal da capa do jornal foi "Professor do Acre ganha mais que o de São Paulo" (matéria na íntegradisponível para assinates do jornal ou do UOL).
No rodapé da capa da edição de hoje, consta a resposta da Secretária Estadual da Educação de SP, Maria Helena Guimarães Castro, sob o título "Salário não melhora o ensino, diz secretária" (matéria na íntegradisponível para assinates do jornal ou do UOL).
Tive a oportunidade de conhecer os 2 sistemas estaduais de ensino - do Acre e de São Paulo - e não tenho dúvidas sobre a superioridade do acreano. Os salários são apenas uma parte desta superioridade. A argumentação da secretária de SP é uma meia-verdade: concordo que o salário por si só não melhora qualidade, mas no caso acreano o salário relativamente alto deve ser tomado como indício de uma política de valorização do ensino público, e neste sentido nossos colegas do norte do país estão décadas à nossa frente.
O Estado do Acre enfrenta um sem-número de dificuldades que não temos, em São Paulo, que superar. Estive lá em 2004, ministrando um curso de capacitação para professores de Filosofia e de Sociologia, que atuam na rede pública de ensino. Lá estas disciplinas já eram obrigatórias - aqui, o Conselho Estadual de Educação insiste numa natimorta tentativa de contrariar o Conselho Nacional de Educação, tentando não incluir tais disciplinas no currículo do Ensino Médio. Mas lá, em todo o estado, não havia (e creio que ainda não haja) um único curso de graduação nestas áreas; ou seja, o Estado assumiu a inclusão destas disciplinas mesmo não tendo faculdades para formar os professores nestas áreas. Para responder ao desafio, contratou professores para ministrar cursos intensivos de formação em Filosofia e em Sociologia para professores formados em outras áreas do conhecimento.
Já naquela época eu fui seduzido pelo salário pago na rede pública acreana de ensino, semelhante aos salários praticados em algumas faculdades paulistas.
O fato é que no Acre assumiu-se a educação pública como um princípio de cidadania, e em São Paulo ela não passa de plataforma eleitoral, com propsotas mirabolantes que vão dos CÉUs aos infernos, das duas professoras em sala de aula à intocabilidade do fracassado modelo de aprovação automática vigente.
Penso estarmos diante da exigência de uma "pausa" na natural arrogância paulista, para aprendermos essa lição com nossos colegas do Acre.

Evento: Filosofia para crianças

SEMINÁRIOS ABERTOS
DE FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

Dia: 18 de Outubro de 2007 14:00-17:00 h.

Faculdade de Educação / USP
Av. da Universidade, 308 - Cidade Universitária
Sala 149, Bloco B

(Entrada franca, sem prévia inscrição)


Filosofia para crianças:
limites e possibilidades

Debatedores:
René José Trentin
Paula Ramos de Oliveira
Flávio Rovani de Andrade

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Educação e autoritarismo

Uma pequena chamada da capa da Folha de São Paulo de ontem remetia a um dos grandes (e pouco debatidos) problemas da educação pública brasileira. A manchete era Indicação política define 45,5% dos diretores escolares.
Um dos textos que eu gosto de utilizar quando leciono Gestão Educacional é um artigo do Prof. Dr. Erasto Mendonça, chamado A gestão democrática nos sistemas de ensino brasileiros: a intenção e o gesto (clique aqui para acessar o texto), apresentado em uma das reuniões anuais da ANPEd. De forma simples, o autor constata que há basicamente 4 formas de se tornar diretor em uma escola pública brasileira: a indicação (geralmente política), o concurso, a eleição, e um modelo misto que tem uma prova seletiva seguida de uma eleição (neste caso, só podem concorrer à eleição os aprovados na seleção). Ele constata ainda que a livre indicação, em que o representante do poder executivo nomeia o diretor - e o demite quando quiser - é modelo mais autoritário, ao passo que a seleção seguida de eleição é o modelo mais democrático.
Mas a indicação, autoritária por essência, é o modelo adotado em quase metade das escolas dos sistemas públicos de ensino no Brasil. Resquício de ditadura...

E apenas para provocar: a pesquisa de Mendonça envolveu todos os sistemas estaduais de ensino, além dos sistemas municipais das capitais. Os dois únicos casos encontrados em que o concurso público é a forma de provimento ao cargo de diretor são os de São Paulo - Estado e Prefeitura. Este modelo, a que nós, paulistas, estamos tão acostumados, é mais que ultrapassado na maior parte do país...

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Palestras - Gleiser e Morin

O projeto Universo do Conhecimento, iniciativa da Universidade São Marcos, está promovendo o Fórum "A humanidade no Século XXI", realizado por meio de palestras gratuitas e abertas ao público. As próximas palestras são de Marcelo Gleiser (24/10) e Edgar Morin (10/12).
As inscrições podem ser feitas no site do projeto - clique aqui.

Che: 40 anos

Reproduzo abaixo nota do presidente cubano, Fidel Castro, sobre os 40 anos do assassinato de Che Guevara, na Bolívia. Nota originalmente publicado no jornal cubano Granma.


Reflexiones del PRESIDENTE FIDEL CASTRO

El Che

Hago un alto en el combate diario para inclinar mi frente, con respeto y gratitud, ante el combatiente excepcional que cayó un 8 de octubre hace 40 años. Por el ejemplo que nos legó con su Columna Invasora, que atravesó los terrenos pantanosos al sur de las antiguas provincias de Oriente y Camagüey perseguido por fuerzas enemigas, libertador de la ciudad de Santa Clara, creador del trabajo voluntario, cumplidor de honrosas misiones políticas en el exterior, mensajero del internacionalismo militante en el este del Congo y en Bolivia, sembrador de conciencias en nuestra América y en el mundo.
Le doy las gracias por lo que trató de hacer y no pudo en su país de nacimiento, porque fue como una flor arrancada prematuramente de su tallo.
Nos dejó su estilo inconfundible de escribir, con elegancia, brevedad y veracidad, cada detalle de lo que pasaba por su mente. Era un predestinado, pero él no lo sabía. Combate con nosotros y por nosotros.
Ayer se cumplió el 31 aniversario de la matanza de los pasajeros y tripulantes del avión cubano hecho estallar en pleno vuelo, y nos adentramos en el décimo aniversario del cruel e injusto encarcelamiento de los cinco héroes antiterroristas cubanos. Ante todos ellos inclinamos igualmente nuestras frentes.
Con mucha emoción vi y escuché por la televisión el acto conmemorativo.

Fidel Castro Ruz
7 de octubre de 2007
3:17 p.m.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Graduação em Filosofia - novo curso

A Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) oferecerá, a partir do início de 2008, o Curso de Filosofia na modalidade de Ensino a Distância. Essa modalidade de ensino é bastante controversa - há aqueles que exaltam, e aqueles que satanizam. De minha parte, posso afirmar que o modelo de EaD que a UMESP vem adotando é bastante sério, com transmissão ao vivo de aulas (o que potencializa a interação ente professores e alunos) bem como com uma equipe de tutores e monitores de pólo - enfim, uma equipe profissional que se esforça por garantir qualidade no processo de aprendizagem, possibilitando que ele se realize a distância.
Algumas informações preliminares do curso já estão disponíveis, clicando aqui.
A lista de pólos regionais (onde os alunos assistem a parte das aulas) está disponível aqui.
E as inscrições para o processo seletivo já estão abertas - acesso aqui.
O ensino a distância na UMESP é devidamente autorizado e credenciado pelo Ministério da Educação. O Curso de Filosofia/EaD conferirá aos formados diploma de Licenciatura Plena em Filosofia.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Piso salarial do magistério

Em tempos de precarização do ensino, de convormismo geral com a falta de condições da escola - em geral da básica pública e da superior privada -, nessa era de desesperança educacional, uma notícia que pode tornar menos trágica a situação de parte dos profissionais da educação: vem sendo bem recebido na Câmara dos Deputados o projeto de lei que institui o piso salarial do magistério. O valor gira em torno dos R$1.000,00 - o que bem acima daquilo que se paga para professores da educação básica, em boa pate do Brasil (e também superior ao que se paga a boa parte dos professores da educação infantil, mesmo na região metropolitana de SP).
A questão é tão séria que mesmo sendo assim baixo, um piso salarial se torna eficiente: tenho visto tantas distorções entre salário e função desempenhada, no ensino superior, que é possível esse piso melhorar (ou des-piorar?) as condições de alguns professores universitários - por incrível que possa parecer.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Nem se fala


Às vezes, a imprensa esquece de tratar de determinados assuntos. Ou será que, conforme o partido praticante, um mensalão deixa de ser um mensalão?

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Aquém da mediocridade educacional

Reproduzo abaixo matéria publicada hoje na Folha de São Paulo. Foi a manchete principal da capa do jornal. Nos traz um assunto absolutamente dominado por qualquer educador do "chão-da-escola": toda a avaliação de resultados das políticas públicas de educação é feita exclusivamente sob perspectiva quantitativa. A educação para todos tem se traduzido em precarização dos processos educacionais, redução da qualidade. O antigo analfabetismo tem, hoje, dois novos nomes: alfabetização, nos índices estatísticos governamentais; analfabetismo-funcional, na vida prática das pessoas.
Se a mediocridade é a indicação de algo que não superou uma mera média, podemos entender que estamos longe de sermos medíocres em educação.
Alunos do 3º ano têm nota de 8ª série
Em SP, no final do 2º grau, 43% dos estudantes mostram conhecimentos de leitura e escrita esperados da 8ª série

Na escola pública, a situação é ainda pior, segundo dados inéditos de um exame federal de avaliação de aprendizagem

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase a metade dos estudantes do Estado de São Paulo termina o ensino médio (antigo colegial) com conhecimentos em escrita e leitura esperados para um aluno de oitava série.
Dados inéditos extraídos do último Saeb -exame federal de avaliação de aprendizagem-, realizado em 2005, revelam que 43,1% dos alunos do terceiro ano tiveram notas inferiores a 250, patamar fixado como o mínimo para a oitava série pela secretária de Estado da Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro.
Ou seja, eles não conseguem, por exemplo, compreender o efeito de humor provocado por ambigüidade de palavras ou reconhecer diferentes opiniões em um mesmo texto.
Outros 15,2% dos alunos tiveram desempenho ainda pior, similar ao desejado para crianças da quarta série do ensino fundamental (antigo primário).
O quadro seria ainda mais dramático se os alunos da rede privada fossem retirados da conta, uma vez que a média dos estudantes das escolas públicas estaduais é 21,2% inferior à dos alunos das particulares.
Talita Lima de Araújo, 18, que estudou em uma escola estadual na Pompéia (zona oeste de SP), reclama da precariedade do ensino público. "Quando você termina o ensino médio, só percebe um vazio. Não temos chance no vestibular."
Os dados no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) comprovam a impressão de Talita. A média da oitava série da rede privada (285,8) é maior que a do terceiro ano do ensino médio da rede estadual (253,6).

Causas
Dagmar Zibas, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas e uma das maiores especialistas em ensino médio no país, diz que o péssimo desempenho é conseqüência das condições de trabalho dos educadores.
"Não é possível que um professor, que já tem formação deficiente, dê aulas em duas ou três escolas. Ele não sabe nem o nome dos alunos. Chega, faz a chamada, dá algumas instruções e já tem de correr para a próxima aula", afirma.
Segundo a Secretaria Estadual da Educação, 70% dos professores têm emprego em outra rede -ou seja, no mínimo dobram a jornada.
O educador e filósofo Mario Sergio Cortella, secretário municipal de Educação de São Paulo entre 1991 e 1992 na gestão Luiza Erundina (então no PT), diz que o ensino médio cresce como nunca na história do país. "Nos últimos dez anos, quase triplicamos o número de alunos, muitos com atraso escolar. Se aumentamos imensamente o universo de alunos, houve inversamente uma degradação das condições de trabalho. Faltam professores".
Cortella diz que essa "colisão" (mais alunos e menos professores) se agravou pela promoção automática nas escolas. "Estamos colhendo o que foi organizado há dez, 15 anos."
O educador diz não ser contra a progressão continuada, mas afirma que ela foi mal implementada. Segundo ele, é necessário haver haver um sistema de recuperação eficiente, para que o aluno com dificuldade avance com as condições adequadas.
Já o professor da Faculdade de Educação da USP Romualdo Portela reclama da descontinuidade administrativa. "Apesar de o mesmo partido comandar o Estado, cada secretário teve uma agenda, o que causou uma descontinuidade", diz.
Para Maria Helena, que assumiu a secretaria do governo José Serra (PSDB) há cerca de dois meses, presidiu o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais e ajudou a implantar o Saeb, o problema está na alfabetização deficiente, ocasionada pela má formação dos professores e por materiais didáticos de má qualidade.
Ela afirma que um pacote lançado pelo governo irá melhorar a situação.
Secretário de Educação à época da prova, durante o governo Geraldo Alckmin (PSDB), Gabriel Chalita foi procurado pela Folha, mas preferiu não se manifestar.
A prova do Saeb é aplicada em todo o país, de forma amostral, a cada dois anos, nas quartas e oitavas séries do ensino fundamental e no terceiro ano do ensino médio. O exame deste ano será realizado no mês que vem.

A mídia em debate

Toda e qualquer tentativa de alteração do status quo gera debates que podem ou não caminhar para uma transformação social - em maior ou menor escala. O fato é que há muito tempo não víamos tantas tentativas de mudanças do status quo, ainda que em setores pontuais (mas representativos) da sociedade dominante.
Sem dúvida um dos grandes agentes práxicos deste processo é o presidente venezuelano, Hugo Chavez. Chamam-no de polemicista. Entendo que o adjetivo é derivado de sua ação, incômoda a setores que se consideravam consolidados, da burguesia nacional venezuelana e, principalmente, da burguesia internacional.
A não-renovação do direito de transmissão da RCTV (um tipo de Rede Globo de lá) é, certamente, o mais atual exemplo desse incômodo chavista. Com efeito: o direito de transmissão de sinais de rádio e TV é de propriedade do Governo (assim como o é no Brasil), que concede esse direito para determinadas empresas privadas, por um certo tempo. Evidentemente que estas empresas precisam prestar serviços de relevância pública, visto que estão lucrando MUITO sobre uma propriedade (o direito de transmissão) pública.
O governo de Chavez considerou que a RCTV não prestava relevante serviço público, e não renovou a autorização.
O debate foi aberto. Empresas como a brasileira Rede Globo assustam-se com a possibilidade dessa moda pegar. Qual é o grande serviço que vem sendo prestado pela Globo, que justifica as fortunas que lá são geradas sobre um direito público de transmissão?