sábado, 29 de dezembro de 2007

Revistas on line

Reproduzo abaixo acesso para alguns sites que disponibilizam material on line, recentemente divulgados:

Revista Natureza Humana (clique aqui) - publicação do Grupo de Pesquisa em Filosofia e Práticas Psicoterápicas (GrupoFPP) do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica da PUCSP e da Sociedade Brasileira de Fenomenologia (SBF).

Revista Eletrônica Controversa (clique aqui) - publicação da área de Ética e Filosofia Social, do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Unisinos.

Revista Ipech Digital (clique aqui) - publicação multidisciplinar do Instituto de Pesquisa Científica e Humanística.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Artigos para publicação

A Universidade Estadual de Maringá (UEM) publica quadrimestralmente a Revista Acadêmica Multidisciplinar Urutágua, sob coordenação do prof. Antonio Ozaí. Trata-se de uma revista eletrônica, voltada especialmente (mas não exclusivamente) para publicação de artigos produzidos por discentes da graduação.
Artigos para a edição nº 15 serão recebidos até 15/02/2008. Veja os links abaixo:
Link para a edição atual da revista - clique aqui
Link para a página com as normas para evnio de artigos - clique aqui

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Filosofia da educação

Um amigo me pediu que elaborasse uma lista de referências clássicas da filosofia da educação*. As orientações foram mais ou menos as seguintes:
- 20 obras
- Apenas 1 obra de cada autor
- Mesclar orbras clássicas (prioritariamente) com obras de caráter mais didático.
Pessoalmente, entendo que educação é um processo que envolve, dentre outros elementos, o ser humano e o conhecimento, de modo que costumo utilizar em cursos de filosofia da educação obras que abordam quaisquer destes elementos. Nesta lista, todavia, procurei incluir apenas obras quer tratassem do tema específico ou, no máximo, obras filosóficas que envolvessem o tema educação.
Tentei, ainda, garantir uma ceta diversidade temática. Talvez a única exceção seja uma obra histórica (do Manacorda), que julguei relevante para compreender o momento histórico em que se fazia a filosofia (da educação).
Bem, após tantas delongas, segue abaixo a minha lista inicial, elaborada às pressas. Publico-a com dois objetivos: primeiro, dar referências iniciais a quem procura estudar esse tema; segundo, pedir aos colegas que colaborem, indicando quais obras incluir (e, para manter o limite de 20 indicações, quais excluir) da lista.

Aí vão as indicações, em ordem alfabética de autor:

ALTHUSSER, L. Aparelhos ideológicos de estado. 10.ed. São Paulo: Graal, 2007.

COMENIUS. Didática magna. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

DEWEY, J. Democracy and education. Nova Iorque: Simon & Schuster, 1997.

DUSSEL, E. La pedagógica latinoamericana. Bogotá: Nueva América, 1980. (disponível em espanhol em www.ifil.org/dussel)

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. 33.ed. Petrópolis: Vozes, 2007.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 25.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.

GRAMSCI, A. Os intelectuais e a organização da cultura. 4.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982.

ILLICH, I. Sociedade sem escolas. Petrópolis: Vozes, 1973.

JAEGER, W. Paidéia: a formação do homem grego. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

KANT, I. Sobre a pedagogia. 2.ed. Piracicaba: UNIMEP, 1999.

LIPMAN, M. Filosofia na sala de aula. São Paulo: Nova Alexandria, 2001.

MANACORDA, M. História da educação: da antigüidade aos nossos dias. 10.ed. São Paulo: Cortez, 2002.

MARX, K; ENGELS, F. Textos sobre educação e ensino. 2.ed. São Paulo: Moraes, 1992.

MENDES, D. T. e outros. Filosofia da educação brasileira. 6.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

NIETZSCHE, F. Schopenhauer como educador. Madrid: Biblioteca Nueva, 2000.

PLATÃO. Protágoras. (disponível em inglês e em espanhol em www.dominiopublico.gov.br)

ROUSSEAU, J.J. Emílio ou da educação. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

SUCHODOLSKI, BOGDAN. A pedagogia e as grandes correntes filosóficas. 5.ed. Lisboa: Livros Horizonte, 2000.

TEIXEIRA, A. Pequena introdução à filosofia da educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

VVAA. Dicionário de filosofia da educação. Porto: Porto Editora, 2007.


*Curiosamente, recebi 3 solicitações semelhantes a essa nos últimos dias. Publicarei as outras em breve, no Blog

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Off line

Há sempre tantas coisas por fazer e tão pouco tempo pra fazê-las... (na verdade, o tempo é o mesmo, eu acho)
Com a rotina das aulas e outras atividades na Universidade, sobra sempre pouco tempo para dedicar a outros projetos, alguns até acadêmicos. Por isso, vou aproveitar as férias para retomar coisas que ficaram paradas ao longo do semestre.
E isso implica em deixar o Blog "off line" por algum tempo. Durante as férias, as postagens serão menos regulares e em menor volume... mas vez ou outra passarei por aqui.
Até mais!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

A astúcia da experiência

Ontem foi um dia "cheio" na política brasileira, em especial no Senado Federal. A sessão plenária do senado acabou depois da 1h da madrugada (e alguns poucos brasileiros, dentre os quais eu, acompanhou a sessão pela TV Senado) e desaprovou a continuidade da CPMF. Já falei sobre isso há alguns dias, então vou poupar comentários (não consigo deixar de dizer que até o mercado financeiro achou a decisão ruim... além dos políticos do PSDB e do DEM, que tinham a intenção de prejudicar o governo, sem se preocupar com a realidade do Brasil, acho que ninguém mais era contrário à prorrogação).
Mas eu achei muito interessante a eleição do novo presidente do Senado. O Renan, embora absolvido 2 vezes, renunciou à presidência da casa. E todos - todos mesmo, do presidente Lula ao conjunto dos senadores da base governista - apoiavam a candidatura de José Sarney ao cargo de presidente do Senado Federal. Sarney já foi presidente da República (ele era vice do Tancredo, com quem morreram logo após eleito) e 2 vezes presidente do Senado. Mas agora, com todo esse apoio, Sarney recusou-se a assumir o cargo.
Político experiente. Sabia que depois de Renan, qualquer um que ocupasse a presidência do Senado seria investigado até a alma. Penso que o ex-presidente achou por bem evitar essa exposição, que, quem sabe, poderia derrubá-lo...
Assim, desde ontem o presidente do Senado é Garibaldi Alves. Um político que muitos consideram "modesto", possivelmente sem grandes envolvimentos com grandes maracutaias. E uma vez mais 3º maior cargo na hierarquia da República fica ocupado por um senador da bancada norte-nordeste (Garibalde, o alves, não o Giuseppe, representa o povo do Rio Grande do Norte).

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Jaguaribe, Gleiser e Morin

Durante este 2º semestre de 2007 o Fórum Permanente de Cultura Contemporânea Universo do Conhecimento realizou um ciclo de 3 conferências tendo como tema central A humanidade no Século XXI. Os conferencistas foram Helio Jaguaribe, Marcelo Gleiser e Edgar Morin.
Estão disponíveis on line os vídeos e transcrições das duas primeiras conferências. A terceira, de Morin, deverá ser disponibilizada em breve.
Para acessar diretamente as páginas das conferências, na lista abaixo.
Helio Jaguaribe - clique aqui
Marcelo Gleiser - clique aqui
Edgar Morin - clique aqui

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

País tropical, abençoado...

Só prá lembrar que filosofia se faz com espanto: Imagine há 10 anos alguém dizer que no Brasil temos furacões e terremotos? E aquela história do país abençoado por deus e bonito por natureza?
Duas observações sobre isso, da mais sutil para a mais preocupante:
1. Os cientistas ainda afirmam que não temos furacões no Brasil. Segundo eles, o que ocorreu foi um "ciclone extra-tropical" (mas eu juro que eu nunca tinha ouvido falar disso...). Agora, imagino, vão inventar uma forma de salvar a teoria das placas tectônicas (ou será que a placa sobre a qual estamos rachou? será que tem garantia do fabricante??)
2. Será que o mundo vai continuar se portando como se a natureza não estivesse emitindo sinais um tanto quanto evidentes de que as coisas não vão bem? (o discurso ambiental está sendo feito, mas a ação.......)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Debate: progressão continuada

Reproduzo abaixo convite para evento que discutirá um dos bons temas da educação atual: a progressão continuada. Se é verdade que essaa prática vem sendo implantada de maneira contraproducente, "mandando pra frente" alunos que não condizem com as séries mais avançadas da educação, também é verdade que as críticas banais em nada ajudam (quantas vezes eu ouvi que a progressão continuada é a vilã da educação... e em nenhuma destas vezes a realidade mudou um centímetro...).
Ao que parece, o debate será centrado e fundamentado, o que é raro na discussão sobre esse tema.

Evento vai discutir a progressão continuada nas escolas públicas de SP


O "Agora" vai promover na próxima terça-feira, dia 11/12, um debate sobre o sistema de progressão continuada nas escolas públicas de São Paulo.
O evento terá a participação de Wilma Delboni, diretora de estudos de normas pedagógicas da Secretaria de Estado da Educação; Carlos Ramiro, presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo); e Zoraide Faustinoni mestre em educação e pesquisadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).
No debate, os participantes falarão sobre a progressão continuada nas escolas do Estado. O sistema, implantado nos anos 90 com o objetivo de diminuir as taxas de repetência e a evasão escolar, prevê que os alunos sejam aprovados anualmente e passem por avaliação ao final de cada ciclo (4ª e 8ª série), quando podem ser reprovados, caso não alcancem o nível de conhecimento esperado.
Os convidados discutirão a implantação do modelo, os erros e os acertos do sistema no decorrer dos anos, as mudanças previstas pelo governo do Estado para 2008 e as propostas de soluções para os problemas encontrados até agora.
A platéia poderá fazer perguntas aos integrantes da mesa. A mediação do debate ficará a cargo do jornalista Antonio Rocha Filho, secretário de Redação do "Agora".
O evento será realizado no auditório da Folha (al. Barão de Limeira, 425, 9º andar, na região central), das 19h às 21h. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo telefone (0/xx/11) 3224-5907, nos dias úteis, das 10h às 12h e das 15h às 18h, ou em www.agora.com.br/eventos.
Agora, 9 dez. 2007.

sábado, 8 de dezembro de 2007

A favor da CPMF. Sim!

Um dos assuntos em pauta é a prorrogação ou não da CPMF. O governo já teve que lotear um bocado de cargos públicos, emendas orçamentárias etc., e ainda não conseguiu do Congresso Nacional a aprovação da prorrogação do imposto. A mídia faz o seu comum papel parcial: critica a tentativa de prorrogação.
Eu pergunto pra você que lê este Blog: no que o pagamento da CPMF te prejudicou no último ano? Talvez você tenha pago, no período de 1 ano, 10 ou 12 reais. Se você ganha bem e gasta muito, talvez você tenha pago 100 ou 200 reais... mas se você ganha bem e gasta muito, 100 reais não significam tanto.
Estou escrevendo sobre isso porque a mim, honestamente, a cobrança da CPMF não atrabalha em nada. Eu acho até que todos os impostos poderiam ser cobrados dessa maneira, com desconto direto na nossa conta bancária.
E fico imaginando o porquê de ter tanta gente contra... não posso deixar de imaginar que para um ou outro corrupto que exista no país (sic!) o imposto pode ser desvantajoso. Afinal, ele não é sonegável; além do quê ele permite fácil rastreamento de valores transferidos entre contas bancárias (o que não é muito bom para os pretendentes a suborno...).
Talvez isso ajude a entender porque tantos políticos do PFL e do PSDB são contrários à renovação do imposto.
Da minha parte, preferiria uma campanha contra o imposto de renda, ou contra o ICMS que a gente paga ao comprar elementos componentes da cesta básica... (esse tipo de imposto, o ICMS, todo mundo paga igual, seja o cidadão recebedor de um salário mínimo ou de alguns milhões mensais).
De verdade, não vejo muita vantagem em se acabar com a CPMF. Você vê?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O falo como medida da democracia

Estamos vivendo uma época de especulações sobre o futuro da democracia (e mesmo sobre seu presente). A Folha de S. Paulo de hoje, por exemplo, expressa bem o furor midiático sobre o tema: em sua capa há uma chamada sobre Hugo Chavez e o plebiscito venezuelano (onde se rejeitou a possibilidade de permanentes reeleições do presidente), e outra sobre semelhante plebiscito que será convocado em breve por Evo Morales. Acusa-se que a falta de alternância no poder seria sinal de anti-democracia.
Críticas semelhantes são feitas aos governos da Argentina e do Equador. Na Argentina, em particular, acusa-se a possibilidade de manter o governo "em família", visto que a ex-primeira dama agora é presidente, e que seu marido poderá voltar a candidatar-se ao final do atual mandato...
O Brasil não escapou às críticas - ainda que ninguém tenha falado seriamente no assunto, a imprensa (e representantes políticos) esqueceram abertamente daquele princípio de "neutralidade jornalística" ao se posicionarem contra a possibilidade de um terceiro mandato de Lula. E olha que o Lula não cogitou essa possibilidade, nem mesmo uma vez... Mas foi previamente condenado pela idéia de sabe-se-lá-quem.
Vendo isso tudo, pensei em meu canto: a Russia, após o final do regime Soviético, teve apenas 2 presidentes. O Boris, que morreu de tanto tomar vodka, e o atual Putin. O muro caiu em 1989, o atual presidente lá está há bem mais de uma década... e ninguém fala nada.
Ditatorial, talvez pensem alguns desavisados, era o regime socialista soviético. Atualmente se vive na Russia uma democracia...
Nâo posso entender os "dois pesos e duas medidas" a não ser pela lei do mais forte: se Chaves fosse alinhado aos EUA, e se tivesse armamento nuclear, ninguém o criticaria por tentar uma nova reeleição. Mais uma expressão do mundo do poder, machista: ninguém fala de quem tem o maior falo...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O inocente (de novo o mesmo)

Voltando aos velhos assuntos: depois de uma série de postagens que visavam divulgar a Filosofia, volto a refletir sobre coisas cotidianas (não que os textos anteriores não tivessem também um pouco disso).
E a questão que surge é: temos agora como saber quem é o mais inocente dos brasileiros. Sim, e (por incrível que possa parecer) ele é senador da República!
Ora, o Senado Federal é uma instituição consolidada. A superior dentre as casas legislativas do país. Compõem o Senado, 3 (apenas 3!) representantes de cada estado da Federação e do Distrito Federal. Veja: dentre os tantos eleitos no âmbito geográfico de um estado (vereadores, prefeitos, deputados estaduais, deputados federais, governadores e senadores) o posto de Senador é o segundo mais concorrido - o estado tem apenas 1 governador, e apenas 3 senadores. Gente seleta...
E que cidadão brasileiro já teve a honra de ser considerado inocente por uma plenária composta de gente tão gabaritada? Renan, o Calheiros. E não só uma, mas duas vezes inocente.
Penso até em iniciar uma campanha: Renan, de volta à presidência do Senado. Claro! Qual outro senador já foi testado por 2 vezes e em ambas oportunidades declarado inocente? Nenhum! Se é verdade que ele é duplamente inocente, por que não tê-lo como terceiro homem na hierarquia da nação?
Viva Renan, imagem e semelhança do Senado Federal

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Sobre a educação a distância

Como eu escrevi há alguns dias, um dos grandes problemas do ensino a distância é a má qualidade das instituições de ensino, que vêm nesta modalidade "não-presencial" uma forma eficiente de aumentar seus lucros mediante a precarização da qualidade da educação. Em outras palavras, o problema não está no EaD, mas sim nas más instituições (que já são más no ensino presencial), que potencializam via EaD seu mau-caratismo.
Minha experiência como professor em cursos a distância, todavia, não passa por esse tipo de instituição. Tenho tido uma boa experiência no EaD, sobretudo porque essa modalidade guarda um diferencial significativo em relação ao ensino presencial: o aluno de EaD tem que produzir, tem que ser ativo no processo de aprendizagem. Não lhe basta estar presente nas aulas (como ocorrem em muitos casos no ensino presencial), apenas ouvindo e muitas vezes anulando suas opiniões e pouco participando. No EaD, o aluno tem obrigatoriamente que produzir textos, expressando assim suas próprias idéias, que entram em debate com as idéias dos professores e tutores... trata-se de um processo mais participativo de construção do conhecimento.
Transcrevo abaixo um trecho de um pequeno texto que escrevi, sobre essa questão. O termo "obra" é utilizado tal qual proposto pela filosofia hermenêutica de Paul Ricoeur. Quem quiser o texto integral pode me solicitar por e-mail:

"Peguemos um caso em particular, uma determinada atividade proposta por um professor específico a uma das suas turmas de ensino a distância. Ao elaborar sua atividade, o docente redige uma obra, um texto escrito – sua principal forma de comunicação com o corpo discente. Esta obra não pode ser apenas a indicação fria de um exercício a ser realizado: ela precisa conter todo o contexto necessário para que o discente, sem muitas explicações adicionais, seja capaz de compreender e realizar a tarefa. Ao elaborar sua proposta de atividade o docente precisa dar a ela, a esta obra, todas as condições de ser interpretada, seja qual for o local ou o momento em que o estudante se proponha a fazê-lo.
[...]Como única forma de resposta ao solicitado pelo docente, caberá ao estudante a criação de uma nova obra, originalmente inspirada naquela proposta pelo professor, mas com um avançado grau de autonomia, especialmente porque: (1) trata-se de uma nova obra; a relação com a anterior é apenas de motivação originária; (2) a obra do docente, que motivou esta nova, já possuía um altíssimo grau de autonomia em relação à intenção original do seu autor, o professor, visto que havia sido publicada e recontextualizada. Percebe-se, assim, que o discente é duplamente autor, seja como autor da interpretação do texto de seu professor, seja como autor de seu próprio texto, escrito em resposta àquele primeiro. Fica aqui entendido que o ciclo é contínuo, ou seja, que a obra do discente gerará novo texto do professor, que sofrerá outra reação do estudante e assim ao longo de todo o processo de aprendizagem.
O fato da interlocução se fazer por intermédio de obras, e não pelo diálogo pessoal e direto característico da educação presencial é fundamental no processo de autonomia discente. No diálogo presencial, o face a face é justamente o elemento que permite que o autor de determinada afirmação iniba seu interlocutor caso este último não interprete a afirmação ao contento do primeiro. E esta proximidade, na relação educacional presencial, comumente reafirma a força hierárquica culturalmente presente na interação entre professores e alunos. A ausência do face a face é o elemento que garante ao discente a possibilidade de autonomia, sem que seja imediatamente corrigido caso sua interpretação esteja incorreta – ou seja, não esteja ao contento do docente."

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Há vagas

Ao contrário do que se pode pensar, um dos bons motivos para se estudar filosofia hoje é o mercado de trabalho. Sim, há vagas - e de sobra - para quem resolver entrar nesse campo. E sobre isso faço duas considerações em especial:
(1) recentemente o Conselho Nacional de Educação (órgão representativo do Ministério da Educação) instituiu oficialmente a obrigatoriedade das disciplinas Filosofia e Sociologia em todas as escolas de ensino médio em território nacional (Resolução CNE/CEB 4/2006, Art. 2º, parágrafo 3º. Clique aqui para acessar). Mesmo antes dessa resolução, muitos estados já vinham adotando esta prática - em alguns casos, como o do Estado de São Paulo, havia sido inserida a Filosofia, mas não a Sociologia. O fato é que desde 2006 ambas tornam-se disciplinas obrigatórias. Por outro lado, o número de cursos de licenciatura em Filosofia é insuficiente para atender essa repentina demanda - é preciso formar professores em número suficiente para tanto, e isso levará algum tempo!
Para se cumprir a determinação legal, professores com formação em outras áreas do conhecimento estão assumindo grande parte das aulas de Filosofia, mas evidentemente sem o necessário preparo para tal. Aqui, então, se justifica o estudo de filosofia de duas formas: haverá boa oportunidade de emprego a partir do 1º ano de estudos no curso; ao formar-se, o profissional atuará em sua própria área, para a qual está devidamente preparado, proporcionando uma educação de melhor qualidade.
(2)O outro aspecto é a questão salarial. Se, por um lado, é verdade que o estudante terá oportunidade de entrar no mercado de trabalho logo no início do seu curso, por outro é preciso considerar os baixos salários pagos para os profissionais da educação básica (tomo por referência o estado de São Paulo), sobretudo na rede pública. Sobre isso, há que se considerar: (a) a possibilidade futura de prosseguimento dos estudos, oportunizando atuar em outros níveis da educação ou em outras áreas do mercado; e (b) mesmo na educação básica, costumo contrapor os baixos salários às excelentes oportunidades de trabalho; em outras palavras: o salário pode não ser tão bom (e nem tão ruim assim...), mas provavelmente não faltará emprego...