quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O falo como medida da democracia

Estamos vivendo uma época de especulações sobre o futuro da democracia (e mesmo sobre seu presente). A Folha de S. Paulo de hoje, por exemplo, expressa bem o furor midiático sobre o tema: em sua capa há uma chamada sobre Hugo Chavez e o plebiscito venezuelano (onde se rejeitou a possibilidade de permanentes reeleições do presidente), e outra sobre semelhante plebiscito que será convocado em breve por Evo Morales. Acusa-se que a falta de alternância no poder seria sinal de anti-democracia.
Críticas semelhantes são feitas aos governos da Argentina e do Equador. Na Argentina, em particular, acusa-se a possibilidade de manter o governo "em família", visto que a ex-primeira dama agora é presidente, e que seu marido poderá voltar a candidatar-se ao final do atual mandato...
O Brasil não escapou às críticas - ainda que ninguém tenha falado seriamente no assunto, a imprensa (e representantes políticos) esqueceram abertamente daquele princípio de "neutralidade jornalística" ao se posicionarem contra a possibilidade de um terceiro mandato de Lula. E olha que o Lula não cogitou essa possibilidade, nem mesmo uma vez... Mas foi previamente condenado pela idéia de sabe-se-lá-quem.
Vendo isso tudo, pensei em meu canto: a Russia, após o final do regime Soviético, teve apenas 2 presidentes. O Boris, que morreu de tanto tomar vodka, e o atual Putin. O muro caiu em 1989, o atual presidente lá está há bem mais de uma década... e ninguém fala nada.
Ditatorial, talvez pensem alguns desavisados, era o regime socialista soviético. Atualmente se vive na Russia uma democracia...
Nâo posso entender os "dois pesos e duas medidas" a não ser pela lei do mais forte: se Chaves fosse alinhado aos EUA, e se tivesse armamento nuclear, ninguém o criticaria por tentar uma nova reeleição. Mais uma expressão do mundo do poder, machista: ninguém fala de quem tem o maior falo...