sábado, 31 de outubro de 2009

Carta à ANPOCS

Reproduzo abaixo a carta emitida pelo professor Caio Toledo à ANPOCS - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (site aqui) - sobre a postura da Entidade na realização de seu mais importante evento, a Reunião Anual.
A carta fala por si, dispensa quaisquer comentários:


Campinas, 30 outubro de 2009.

À DIREÇÃO DA ANPOCS,

Cumprimento a Direção da ANPOCS pela realização da bem sucedida 33ª. Reunião Anual que ontem teve seus trabalhos encerrados na cidade de Caxambu, MG. Com o único propósito de colaborar com a organização de futuros encontros, não posso, contudo, deixar de fazer dois reparos críticos à organização desta reunião.
a) Considero um equívoco intelectual e político a Direção da ANPOCS aceitar recursos financeiros de um governo estrangeiro que, ontem e hoje, implementa uma política externa de natureza intervencionista e belicista. Por seu simbolismo, a presença de um representante da American Embassy no Brasil na mesa de abertura da 33ª. Reunião anual da entidade compromete a trajetória acadêmica, teórica e política da entidade. Trajetória – deve-se reafirmar – que sempre esteve orientada por valores, ideais e objetivos inestimáveis; entre outros, o exercício do pensamento crítico, a luta pela conquista e a consolidação da democracia política no Brasil, o repúdio a toda forma de discriminação (social, ética, sexual etc.), a denúncia das intervenções militares – hoje hegemonizadas pelos governos norte-americanos – que comprometem radicalmente a paz mundial etc. Creio, assim, que a imperiosa necessidade de buscar recursos financeiros para a realização das Reuniões anuais deveria ser coerente com os elevados fins e objetivos que, desde sua criação, têm justificado a existência da ANPOCS;
b) Considero que os recursos financeiros advindos de órgãos públicos nacionais – sempre bem vindos e necessários para a organização das reuniões anuais – devem ter uma estrita destinação pública. Certamente é justificável que os pesquisadores que participam das sessões de trabalhos e os interessados em receber um certificado de participação, chancelado pela ANPOCS, paguem uma taxa de inscrição. Injustificável, porém, é a entidade – que nesta edição recebeu recursos financeiros do BNDES, CAPES, CNPq, FAPEMIG, FAPERJ, FAPESP, IPEA, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério do Desenvolvimento Social, Ministério da Justiça e da Reitoria da USP – ter instruído seus funcionários (postados à entrada das salas dos GT´s, Cursos, Simpósios etc.) no sentido de barrar a entrada de quem não portava um crachá de identificação!
Não podendo pagar uma taxa de inscrição, os professores do ensino médio ou os cidadãos comuns residentes na cidade ou na vizinhança de Caxambu (para não falar de desinformados estudantes universitários vindos de diferentes partes do país) – todos motivados e interessados pelas atividades programadas nesta 33a. Reunião anual –, ficaram privados de conhecer os debates e as pesquisas que hoje orientam os cientistas sociais no Brasil.
Cordialmente,

saudações acadêmicas
caio toledo
professor colaborador unicamp

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Vai entender... (Hegel)

Há alguns dias eu conversava colegas professores sobre a dificuldade em se estabelecer o tempo médio que se leva para fazer a leitura de textos filosóficos. Estimar um tempo é necessário para que se possa sugerir leituras exeqüíveis aos alunos - e mesmo para nossa programação pessoal. Mas a inexistência de um padrão, mínimo que seja, é consensual. Para além do tempo próprio de cada indivíduo (mais Kairos do que Chronos, existe a complexidade particular de cada texto (ou trecho de texto) filosófico.
Lembrei-me desta conversa quando me deparei novamente com a chamada dialética do senhor e do escravo, de Hegel. Transcrevo a seguir o início do trecho (Fenomenologia do Espírito, 179):

A consciência-de-si é em si e para si quando e porque é em si e para si mesma uma Outra; quer dizer, só é como algo reconhecido. O conceito dessa sua unidade em sua duplicação, ou da infinitude que se realiza na consciência-de-si, é um entrelaçamento multilateral e polissêmico. Assim seus momentos devem, de uma parte, ser mantidos rigorosamente separados, e de outra parte, nessa diferença, devem ser tomados ao mesmo tempo como não-diferences, ou seja, devem sempre ser tomados e reconhecidos em sua significação oposta.
O duplo sentido do diferente reside na própria essência da consciência-de-si: pois tem a essência de ser infinita, ou de ser imediatamente o contrário da determinidade na qual foi posta. O desdobramento do conceito dessa unidade espiritual, em sua duplicação, nos apresenta o movimento do reconhecimento


Vai entender...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Ética contemporânea

Segue abaixo o convite para uma palestra que ministrarei na próxima terça-feira. Será bom ver os amigos por lá.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Professores de filosofia

Segue abaixo divulgação do IV Encontro de Professores de Filosofia do ABC, que ocorrerá na manhã do dia 24/10, no Campus Rudge Ramos da Universidade Metodista de São Paulo, com a presença dos professores Marcos Lorieri (ver currículo) e Carlos Motta (ver currículo).
Clique aqui para fazer sua inscrição.
Clique no cartaz abaixo para mais informações.


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Dossiê: Revolução Chinesa

Há alguns dias comemorou-se (ou, para alguns, lamentou-se) os 60 anos da Revolução Chinesa. São superficiais e levianas a maioria das críticas que ouço a respeito dos feitos de Mao e seus seguidores. O que não absolutamente não significa que nada há a criticar.
A Revista Espaço Acadêmico, respeitado veículo que consegue articular com maestria militância política pluripartidária e mundo acadêmico, publicou em sua recente edição nº 101 um interessantíssimo dossiê sobre o assunto. O material pode ser acessado no sítio da revista - clique aqui.