quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Educação e autoritarismo

Uma pequena chamada da capa da Folha de São Paulo de ontem remetia a um dos grandes (e pouco debatidos) problemas da educação pública brasileira. A manchete era Indicação política define 45,5% dos diretores escolares.
Um dos textos que eu gosto de utilizar quando leciono Gestão Educacional é um artigo do Prof. Dr. Erasto Mendonça, chamado A gestão democrática nos sistemas de ensino brasileiros: a intenção e o gesto (clique aqui para acessar o texto), apresentado em uma das reuniões anuais da ANPEd. De forma simples, o autor constata que há basicamente 4 formas de se tornar diretor em uma escola pública brasileira: a indicação (geralmente política), o concurso, a eleição, e um modelo misto que tem uma prova seletiva seguida de uma eleição (neste caso, só podem concorrer à eleição os aprovados na seleção). Ele constata ainda que a livre indicação, em que o representante do poder executivo nomeia o diretor - e o demite quando quiser - é modelo mais autoritário, ao passo que a seleção seguida de eleição é o modelo mais democrático.
Mas a indicação, autoritária por essência, é o modelo adotado em quase metade das escolas dos sistemas públicos de ensino no Brasil. Resquício de ditadura...

E apenas para provocar: a pesquisa de Mendonça envolveu todos os sistemas estaduais de ensino, além dos sistemas municipais das capitais. Os dois únicos casos encontrados em que o concurso público é a forma de provimento ao cargo de diretor são os de São Paulo - Estado e Prefeitura. Este modelo, a que nós, paulistas, estamos tão acostumados, é mais que ultrapassado na maior parte do país...