quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Ele era inocente!

E o Renan era inocente! A justiça foi feita. Por 40 votos a 35 (e 6 que preferiram se abster - sim, eles têm esse direito, mesmo sendo pagos para decidir, podem decidir abster-se) o Senado Federal determinou que o Renan Calheiros é inocente.
Sim, claro que a justiça foi feita. Afinal, no nosso sistema, justiça é aquilo determinado pelos poderes republicanos estabelecidos. E conforme os poderes estabelecidos, a Carta Magna e as outras cartas, é o Senado Federal que deve julgar se um membro seu é ou não culpado de ato que deporia contra o "decoro parlamentar". Se a justiça assim o manda, a justiça foi feita. E os decisores julgaram a inocência de Renan. Mesmo ele não tendo provado de onde tirou dinheiro para pagar à nua jornalista (aguardem a Playboy...), mesmo ele tendo apresentado documentos que se contradizem, mesmo tendo entregue notas ficais falsas, digo, equivocadas por serem inexistentes frente ao fisco, mesmo, mesmo, mesmo... a justiça determinou que ele era inocente. Enão, justiça foi feita!
Em verdade, devo pensar aqui que o processo que foi julgado era sobre a quebra ou não do "decoro parlamentar". E, sob essa perspectiva, devo concordar com a decisão. Renan não quebrou o decoro instituído, muito pelo contrário: apenas fez aquilo que tantos outros fazem, agiu conforme o paradigma que impera no parlamento brasileiro. E se ele agiu como agem normalmente os parlamentares, não quebrou decoro, mas o reforçou. Viva a corrupção! Viva a robalheira do nosso - meu e seu - dinheiro, impostos, multas, cobranças diversas...
As instituições de direito estão notoriamente falidas no Brasil. O executivo corruptor (quantos ministros já cairam por denúncias de corrupção?), o legislativo corrompido (quantos parlamentares deixaram de cair, apesar das evidências de corrupção?) e o judiciário cego a tudo - as vendas que deveriam simbolizar a igualdade da justiça gravam na nossa sociedade a certeza da impunidade.
Frente a este caos no poder público - e é um caos sobre as Instituições, não interior a elas - não me espantaria ver, muito em breve, levantes armados e o rompimento da atual sociedade de direito. Não espantaria, afinal, de direito não há muito por ai...