quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O verdadeiro filósofo

Este, O verdadeiro filósofo, é o título de um escrito de 1796, de César Chesneau du Marsais, do qual trago para o Blog algumas das passagens iniciais, pensando que possam contribuir à reflexão sobre o que é a filosofia e o que é um filósofo (ver, mais abaixo, postagens análogas, sobre Nietzsche e Heidegger):


Não há nada mais comum e que custe menos para adquirir, hoje em dia, que o nome de filósofo: uma vida obscura e retirada, alguma aparência de sabedoria com um pouco de leitura são suficientes para atrair esse nome para algumas pessoas que se honram com ele sem merecê-lo.
[...]O filósofo é uma máquina humana, como qualquer outro homem. Mas é uma máquina que, por sua constituição mecânica, reflete sobre seus movimentos. Os outros homens são determinados a agir sem sentir nem conhecer as causas que os fazem agir e e se mover, e sem mesmo imaginar que elas existem.
O filósofo, ao contrário, desvenda essas causas tanto quanto está ao seu alcance e, muitas vezes, chega a preveni-las e entrega-se a elas com conhecimento: ele é um relório que, por assim dizer, monta-se algumas vezes por si mesmo. Desse modo, ele evita os objetos que podem causar-lhe sentimentos que não convêm nem ao bem-estar nem ao ser racional, e procura aqueles que podem despertar-lhes afecções convenientes ao estado em que se encontra


O texto, traduzido por Regina Schöpke e Mauro Baladi, está publicado pela Martins Fontes.