segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Grupo de Estudos

Segue abaixo a programação de estudos do Grupo de Pesquisas Perspectivas Críticas da Filosofia Moderna e Contemporânea para o 1o. semestre de 2011.
A participação é aberta a todos os interessados e não requer inscrições prévias.
Pede-se aos participantes a leitura prévia dos textos em estudo.
Clique na imagem para ampliá-la.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Desastre (político) natural

O Brasil se comove. Como acontece em todo janeiro. Com as chuvas que matam centenas. E com os gays do Big Brother.
Quero falar do assunto da primeira comoção, pois sobre a segunda só ouvi rumores. E para que não me sobre a fama de homofóbico, que não sou: simpatizo com a causa, dos homo aos pansexuais. Defendo-a. Talvez volte a escrever sobre isso, mas por ora o assunto dos desastres causados pelas chuvas me parece mais urgente.
Os desastres são causados pelas chuvas, é fato. Mas não são impedidos pelos governos. Afinal, o grande feito de Bacon, nos inícios da modernidade, já se relacionava a aplicar o conhecimento científico para transformar - e não apenas para entender - a natureza. Ou, chegando ao mesmo ponto por um caminho substancialmente diferente, lembro-me de um prefácio de Michael Apple, que eu utilizava nas aulas de cursos de pedagogia, quando comecei a lecionar no ensino superior. O autor falava sobre o "currículo oculto" quando dizia [parafraseio-o]: as chuvas matam milhares de pessoas todos os anos na América do Sul. O assunto pode ser um ponto de estudos da geografia natural. Ou da geografia política. Que fazem os governos que, ano após ano, permitem que milhares de pessoas continuem morrendo a cada novo verão na América do Sul?
Elio Gaspari, a quem respeito, escreveu sobre o assunto na Folha de São Paulo de hoje. Transcrevo trechos de seu texto. No fim, relacionado ao assunto principal, vai ainda um 'tapa' nos críticos dos programas sociais do governo federal:

ELIO GASPARI

Cabral e Dilma culparam os outros e o povo
Na filosofia dos doutores, o centro de Friburgo estava em "área de risco"


NO ANO PASSADO, quando as chuvas provocaram a morte de 148 pessoas em Angra dos Reis e na Ilha Grande, o governador Sérgio Cabral estava em sua casa de Mangaratiba, a pouco mais de uma hora da cena das tragédias, e levou mais de um dia para dar o ar de sua graça. Veio com uma lição:
"Eu não faço demagogia. Houve um tempo em que governador aparecia ao lado de traficante, como se ele fosse o John Wayne. Aqui, estavam dois secretários da área. Quem deve vir são as autoridades públicas que podem de fato dar solução e comando ao problema".
Como dizia John Wayne, "o amanhã é a coisa mais importante da vida". A conta de 2010 fechou com 316 mortos, passou-se um ano, e as chuvas voltaram. Desta vez, Sérgio Cabral não estava em Mangaratiba, mas no exterior.
Quando desembarcou no Rio, já haviam sido contados mais de 300 corpos por conta de temporais que começaram dois dias antes. (Os mortos passaram de 500.)
Ao chegar, Cabral contrariou sua lição de 2010 e visitou as áreas afetadas. Foi acompanhado pela doutora Dilma Rousseff, que ensinou: "A moradia em área de risco no Brasil é a regra, não é a exceção".
Falta explicar por qual critério Dilma e Cabral definem "áreas de risco". O centro de Friburgo? A cidade de Areal? Bairros urbanizados onde viviam pessoas que pagam IPTU? Em 2010, a explicação demofóbica para a morte de mais de 30 pessoas no morro do Bumba, em Niterói, sustentou que a patuleia estava em cima do que fora um lixão. Estava, com a permissão da prefeitura, e ninguém foi responsabilizado.
A essa explicação, somou-se a do catastrofismo ambiental. Para quem gosta de falar em calamidades climáticas, vale lembrar que, na Austrália, onde choveu mais do que no Rio, os mortos foram 25 e há dezenas de desaparecidos.
Como no ano passado, os governantes anunciaram esmolas para já e planos para amanhã. Daqui até janeiro do ano que vem, Sérgio Cabral e Dilma Rousseff poderiam atender ao pedido que Carlos Lyra e Vinicius de Moraes encaminharam a Xangô:
"Pôr pra trabalhar gente que nunca trabalhou".

[...]ÁREA DE RISCO
Na quarta-feira, reunido com sua equipe em Brasília, o secretário nacional de Defesa Civil, doutor Humberto Viana, informou que uma das prioridades de seu mandarinato será a construção da sede própria para a repartição. Àquela hora havia mais de dez mil pessoas desabrigadas no Rio. Na linha da doutora Dilma, pode-se dizer que Secretaria de Defesa Civil é uma área de risco na administração federal.

DIA D
Um consolo para o governador Sérgio Cabral, com seu pendor pelas analogias militares. No dia do desembarque aliado na Normandia (6 de junho de 1944), o marechal Rommel, comandante das fortificações alemãs na costa da França, estava na Alemanha. Viajara para comemorar os 50 anos de sua mulher.

[... E para o críticos dos programas sociais do governo federal...]
A RECEITA CRIOU A BOLSA MIAMI
Talvez a doutora Dilma não saiba, mas o primeiro ato de seu governo na área tributária foi uma jabuticaba com forma de girafa. Pela instrução normativa 1.119, a Receita Federal regulamentou uma lei de Nosso Guia e criou um incentivo fiscal para os brasileiros que viajam ao exterior, inclusive para fazer turismo.
Imagine-se um casal que pretende ir a Miami e compra um pacote de passagem, hotel e aluguel de carro por R$ 20 mil. A lei obrigava que a agência de viagens nacional entregasse 25% do valor da transferência desse dinheiro à Viúva.
Pela instrução 1.119, o pagamento foi extinto. Se a agência repassar a bondade à clientela, o casal poupa R$ 5.000, suficientes para uma melhoria no hotel ou na marca do automóvel. É a Bolsa Miami.
A providência foi patrocinada por agências de turismo que funcionam no Brasil e são obrigadas a entregar ao fisco 25% do valor das transferências dos clientes. Suas concorrentes estrangeiras, que negociam os pacotes pela internet e cobram nos cartões de crédito, não pagam esse imposto.
No ano passado, os turistas brasileiros gastaram em torno de US$ 5 bilhões com pagamentos diretos feitos a agências de viagens. No barato, a renúncia fiscal decorrente do mimo fica acima de US$ 500 milhões anuais, ervanário suficiente para custear o Bolsa Família de todos os beneficiários do Piauí e de Alagoas.


O texto de Apple, a que me referi, está disponível no livro Escolas Democráticas, editado no Brasil em 2001 pela Cortez. Pode ser encontrado aqui (novo) ou aqui (em sebos).
O texto de Elio Gaspari está disponível aqui (para assinantes do UOL ou da FSP)

domingo, 2 de janeiro de 2011

Novo ano

Motivos brincantes pra pensar o ano novo:







Também pra se pensar no ano novo:


(Clique nas imagens para ampliá-las)