quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Epidemia e Pandemonia

O caos. Quase o apocalipse. Ou ele mesmo. Às vezes acho que é diante disso que estamos, quando ouço falar sobre a quase-epidemia de febre, e não qualquer, a amarela, que nos ronda. Quase epidemia, porque epidemia mesmo não é (há regras claras, estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde, para classificar como "epidemia" a expansão de uma determinada doença; no caso da febre, amarela, estamos muito, muito mesmo, distante da quantidade de casos que permitiria a classificação epidêmica da doença). Eu lembro de uma música que dizia que "o quase tudo, quase sempre, é quase nada"... acho que é por ai que vai a nossa quase epidemia.
Tive a oportunidade de ler a recente carta aberta do médico Pedro Saraiva, que teve o cuidado de levantar a quantidade de mortes por febre amarela no Brasil, nos últimos anos. Os dados são:
1996 - 15 casos
1997 - 3 casos
1998- 34 casos
1999 - 76 casos
2000- 85 casos e 42 mortes
2001 - 41 casos e 22 mortes
2002 - 15 casos e 6 mortes
2003 - 64 casos e 22 mortes
2004 - 5 casos e 3 mortes
2005 - 3 casos e 3 mortes
2006 - 2 casos e 2 mortes
2007 - 6 casos e 5 mortes
Observe-se que em 2000 foram 42 mortes por esta doença. Em 2001 e 2003, 22 mortes cada ano. Naquele momento, não era epidemia???
Em 2008, há 8 pessoas que morreram com SUSPEITA da febre. Os casos já confirmados são menos - 2 a 4, as informações divergem nos diversos órgãos da mídia. Ou seja, há muito alarde por pouca coisa. Às mortes confirmadas por febre amarela (talvez apenas 2), deve-se somar um outro óbito, de alguém que, preocupado com o apocalíptico momento, vacinou-se 2 vezes e faleceu de choque anafilático. Isso não é fatalidade: é assassinato midiático.