terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Comandante

Hoje foi publicada no jornal cubano Granma a "Mensagem do Comandante em Chefe", Fidel Castro, anunciando que o ainda comandante "não aspirará e nem aceitará" ser indicado para um novo mandato como Presidente do Conselho de Estado e Comandante em Chefe (o que equivale ao posto de chefe de estado).
Na prática, é a mais tranqüila renúncia de que se tem notícia: Fidel é chefe do estado cubano desde a revolução socialista de 1959. Ainda ocupa este posto, e o ocupará até o final deste seu atual mandato (que se encerra em 24/2). Na nova legislatura que se iniciará no próximo domingo, Cuba conhecerá seu novo Comandante - que será um dentre os deputados eleitos por voto popular em janeiro.
Conheci Cuba, lá vivi por um mês. Sem tapar os olhos à sofrida realidade do adorável povo cubano, entendo que Fidel e os demais revolucionários de 1959 fizeram a diferença para Cuba ser um país respeitado em todo o mundo - penso que o mais respeitado país da América Central - e não um Haiti estadunidense. Penso, ainda, que se o Brasil tivesse em sua história um grupo revolucionário equivalente, nós seríamos o "país do presente", e não o "país do futuro".
Por fim, ainda sobre Fidel, não posso deixar de observar: em 1º de janeiro de 2009, Fidel completaria 50 anos a frente de Cuba. A idéia de estar há meio século no comando de um país deve ser bastante tentadora. Penso na serenidade e racionalidade que ele deve ter tido para renunciar, 9 meses antes, à glória de ser Comandante em Chefe por meio século. Àqueles e àquelas que diziam que o Comandante agia pensando em si próprio, que o acusavam de aparelhar Cuba em benefício pessoal, pergunto se teriam o mesmo senso de responsabilidade...