quinta-feira, 29 de maio de 2008

Da contramão à contra-história

O assunto da contramão (na minha postagem anterior) me estimulou a trazer aqui para o Blog algumas idéias sobre a Contra-história da filosofia, do filósofo francês contemporâneo Michel Onfray. Apenas recentemente tive oportunidade de conhecer melhor o autor e ler alguns dos seus livros: ele é do tipo midiático, que faz da polêmica uma forma de manter-se na crista da onda (e o faz bem!). Entendam que essa minha observação sobre seu caráter midiático não é uma crítica: como já nos mostraram Nietzsche, Foucault e tantos outros, na modernidade nos vendemos para instituições, que de um modo ou de outro cerceiam nosso livre-filosofar. No geral, os filósofos vendem-se para as academias como forma de ganhar a vida. Onfray vende-se para a mídia - apenas muda a instituição.
Entendo que o caráter polêmico, muitas vezes agressor (próximo de alguns dos sangrentos noticiários brasileiros) de sua obra, bem como a forma leviana e não raramente distorcida com que lida com filosofias e histórias não diminuem a riqueza dos textos. São "imperfeitos", por serem parciais e por atenderem aos interesses da máquina midiática e mercado editorial. Os textos filosóficos contemporâneos "tradicionais" são igualmente "imperfeitos", por atender aos interesses acadêmicos. Muda a imperfeição.
Mas porque conhecer uma imperfeição a mais? Já não basta uma?
Para responder, utilizo a primeira (de duas) idéia de Onfray que quero trazer ao Blog: A história da filosofia tem se resumido à "Escrita dos Vencedores", quer dizer, à ampla publicidade dada às idéias dos autores que escolheu-se como representativos de cada época. Existe, todavia, para ser estudada toda uma "história dos perdedores", quer dizer, história das idéias dos autores que não foram consagrados pela tradição. E trata-se de uma rica história.
Imagino quem seriam os consagrados como "vencedores" do nosso tempo histórico: os publicitários? os políticos neo-liberais? os empresários das religiões chamadas "carismáticas"? Vejo aqui a importância de alguém contar a história dos "perdedores", o que faz Onfray em sua Contra-história.