domingo, 7 de dezembro de 2008

Rápidas & Ácidas (I)

Acabo de concluir a leitura do livro Filosofia clandestina: cinco tratados franceses do século XVIII, traduzido e apresentado por Regina Scöpke e Mauro Baladi e publicado pela Ed. Martins Fontes. Já publiquei neste Blog dois pequenos excertos deste livro, mas penso que há mais provocações que podem nos instigar. Seguem, então, pequenas doses de acidez filosófica:

É o mesmo temperamento em toda parte, mas ocupado com objetos diferentes: Madalena que ama o mundo e Madalena que ama a Deus é sempre Madalena que ama.
César Chesneau du Marsais


Confiai vosso vinho, de preferência, a quem naturalmente não o aprecia, em vez de confiá-lo a quem toma todos os dias novas resoluções de nunca mais se embriagar
César Chesneau du Marsais


Nosso sábio, que não espera nada nem teme nada depois da morte, parecer perder um motivo a para ser um homem honesto durante a vida. No entanto, ele ganha com isso consistência, por assim dizer, e vivacidade no motivo que o faz agir: motivo que é tanto mais forte por ser puramente humano e natural. Esse motivo é a própria satisfação que ele encontra em estar contente consigo mesmo, seguindo as regras da probidade – motivo que o supersticioso só tem imperfeitamente, porque tudo que nele existe de bom ele deve atribuir à graça.
César Chesneau du Marsais


Nós só pecamos porque as luzes são mais fracas que a paixão
César Chesneau du Marsais


Se afastam da justa idéia do filósofo esses indolentes que, entregues a uma meditação preguiçosa, negligenciam o cuidado de seus negócios temporais e de tudo aquilo que se chama “fortuna”. O verdadeiro filósofo não é de modo algum atormentado pela ambição. No entanto, ele quer ter as doces comodidades da vida. Ele precisa – além do estritamente necessário – de um honesto supérfluo, necessário a um homem honesto, e que é a condição para ser feliz. É o fundamento da decência e dos deleites.
César Chesneau du Marsais

Nenhum comentário: