quarta-feira, 17 de junho de 2009

Polícia na Universidade

A presença da polícia armada no interior do campus da Universidade de São Paulo é fato que não pode passar despercebido. Menos pela violência física (há muito mais violência em lugares menos visitados pela elite e pelos veículos de comunicação...), penso eu, mas muito mais pela violência simbólica. Até o presente, no Brasil, nunca foi necessária a força armada, policial, para mediar relações no interior das universidades. O próprio sentido de "autonomia universitária", garantido pela legislação federal, respeita este espírito dialogal e pacífico (mesmo quando conflituoso), forjado desde antes da Constituição Federal. Quando a polícia invadiu universidades, foi sem necessidade, por truculenta imposição de gestores incapazes ou mal intencionados, tal como durante a ditadura militar.
A presença da polícia armada, solicitada pela atual reitora da USP, atesta, no mínimo, sua incompetência.

Ainda sobre esse assunto, reproduzo matéria que recebi por e-mail. Não me foi informada a fonte original:


Chauí, Cândido e Benevides criticam reitoria e violência policial

Delegado Protógenes comparece a ato e diz que polícia deve combater crime, não manifestantes; Passeata contra repressão militar acontece nesta quinta-feira, 18

Por Lúcia Rodrigues


Os professores Antonio Cândido, Marilena Chauí e Maria Vitória Benevides criticaram o uso da força policial contra a comunidade acadêmica. Eles também não pouparam criticas à reitoria da universidade. O ato que reuniu os docentes foi organizado pela Adusp (Associação dos Docentes da USP).

O evento lotou o anfiteatro da Geografia. Um telão teve de ser instalado no saguão do prédio, para que o público que não conseguiu entrar no auditório pudesse acompanhar a intervenção dos intelectuais. O prédio da Geografia, onde ocorreu o ato, foi bombardeado pela PM, no último dia 09.

“Em uma única gestão a reitoria trouxe a polícia duas vezes para dentro do campus”, ressalta indignada a filosofa. Para Marilena, o poder excessivo concentrado nas mãos da reitoria precisa ser desestruturado. “A repressão se tornou ‘natural’ porque não temos mais fóruns de discussão. A única resposta (da reitora) é a resposta repressiva”, frisa.

A filosofa também criticou a Univesp (o ensino à distância, que o governo do Estado quer implantar nas três universidades estaduais paulistas), mas destacou que não se trata apenas de um projeto estadual. O Ministério da Educação também defende a idéia.

Atentado

A invasão da PM ao campus é classificada pelo professor aposentado de Teoria Literária Antonio Cândido, como “um atentado contra os direitos mais sagrados de agir e discutir”. Ele conta que foi ao ato organizado pela Adusp, para externar sua indignação contra a presença da PM no campus e a violência por ela praticada. “Estou aqui para protestar contra isso”, afirma.

A professora da Faculdade de Educação Maria Vitória Benevides destaca que a violência só ocorre quando se fecham os canais de diálogo. “Fora da política, só existe uma alternativa, que é a da violência.”

Maria Vitória também criticou duramente a postura da reitoria em relação à Univesp. “A Faculdade de Educação tem manifestado criticas fortes e sólidas contra a educação à distância. Isso deveria ser um sinal para os dirigentes da universidade, mas, infelizmente, não é.”

O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz também criticou a violência policial praticada no campus. “As forças policiais devem combater o crime, principalmente o de corrupção, não manifestantes.” Ele revelou à reportagem de Caros Amigos que participou do movimento estudantil quando era universitário. “Fui delegado ao congresso da UNE em 1980. Ajudei a eleger o Aldo Rebelo (atual deputado federal do PC do B).”

Passeata

Representantes do Fórum das Seis, entidade que representa docentes, funcionários e estudantes da USP, Unicamp e Unesp, se reuniram, no final desta manhã, com os reitores das três universidades. Os dirigentes exigiram a saída imediata da PM do campus para a reabertura das negociações.

Segundo o coordenador do Fórum das Seis, professor João Chaves, a entidade também reivindicou que o Cruesp redija um comunicado reconhecendo o direito de greve dos manifestantes. “Os piquetes são para proteger os funcionários que ficam fragilizados diante de chefias repressoras”, destaca.

A reitora Suely Vilela não se manifestou sobre o assunto. Em nota o Cruesp não se manifestou sobre a retirada da PM do campus. O texto informa que está agendada uma reunião para o próximo dia 22.

Na quinta-feira, 18, o Fórum organiza manifestação no Masp (Museu e Arte de São Paulo) às 12h. Os manifestantes seguem em passeata até o Largo São Francisco, onde realizam ato público para denunciar a violência policial.

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