Há alguns dias eu conversava colegas professores sobre a dificuldade em se estabelecer o tempo médio que se leva para fazer a leitura de textos filosóficos. Estimar um tempo é necessário para que se possa sugerir leituras exeqüíveis aos alunos - e mesmo para nossa programação pessoal. Mas a inexistência de um padrão, mínimo que seja, é consensual. Para além do tempo próprio de cada indivíduo (mais Kairos do que Chronos, existe a complexidade particular de cada texto (ou trecho de texto) filosófico.
Lembrei-me desta conversa quando me deparei novamente com a chamada dialética do senhor e do escravo, de Hegel. Transcrevo a seguir o início do trecho (Fenomenologia do Espírito, 179):
A consciência-de-si é em si e para si quando e porque é em si e para si mesma uma Outra; quer dizer, só é como algo reconhecido. O conceito dessa sua unidade em sua duplicação, ou da infinitude que se realiza na consciência-de-si, é um entrelaçamento multilateral e polissêmico. Assim seus momentos devem, de uma parte, ser mantidos rigorosamente separados, e de outra parte, nessa diferença, devem ser tomados ao mesmo tempo como não-diferences, ou seja, devem sempre ser tomados e reconhecidos em sua significação oposta.
O duplo sentido do diferente reside na própria essência da consciência-de-si: pois tem a essência de ser infinita, ou de ser imediatamente o contrário da determinidade na qual foi posta. O desdobramento do conceito dessa unidade espiritual, em sua duplicação, nos apresenta o movimento do reconhecimento
Vai entender...
4 comentários:
Esse tal de "Tempo" affs.
professor e por falar em "Tempo", deixei um "Selo" para o senhor lá no meu Blog,magialua.blogspot.com... divirta-se, rs!
Sem a psicanálise eu ia demorar bem mais pra entender esse post.
O lacan tem uma frase que dizia que o eu é um outro. O eu pra psicanálise, o ego, é algo que se aproxima da consciência, então da pra entender mais ou menos essa passagem.
A idéia talvez seja que ao mesmo tempo que a consciência se define a partir do momento em que ela toma consistência enquanto percepção quando ela toma consistência algo dela se perde.
Disso que a psicanálise vai tentar dar conta com a idéia de inconsciente.
Agora que eu descobri o seu blog vou passar d evez em quando aqui comentar os seus post professor^^ tenho certeza que vai ser produtivo^^
Não acho que dê pra sustentar uma concepção de ser humano que prescnda da idéia de inconsciente.
Pelo menos na nossa cultura ocidental.
Hegel, acredito que nem ele mesmo entendia-se, a própria personalidade dele era "em si" rss enigmática. Os seus textos... densos... obscuros... Interessante, fui entender Hegel melhor quando comecei a estudar Marx, isto porque a teoria de Marx é um crítca ao pensamneto de Hegel. BAcana procurar entender a "consciência" hegeliana, ela também nos ajuda a sair do processo de alienação, visto que todo processo dialético se dá a partir da consiência de si mesmo!Ah professor, mudei o endereço do Filosofia e Vida! Um abraço!
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