segunda-feira, 26 de abril de 2010

Autenticidade

Nos últimos meses, por motivos diversos, me deparei com frequência com a questão da delimitação da filosofia. A mesma pergunta "O que é a Filosofia?", respondida por Heidegger, por Deleuze & Guatarri e tantos outros, e que A. J. Severino afirma, em su'A filosofia contemporânea no Brasil que não é uma questão levada a sério por aqueles e aquelas que praticam filosofia por aqui.
Estou convencido sobre o que NÃO é Filosofia: tenho claro que Filosofia não é "análise do discurso"; de modo que não é atividade filosófica o debruçar-se sobre textos de tempos passados, sem dar-lhes sentido no presente. Isso pode ser estudo de linguagem, pode gerar deleite (para quem se deleita com letras...), pode até dar ao estudioso ares de profunda cultura e eloquência; mas não é Filosofia.
Estou também certo que filosofar não é falar difícil. Sócrates falava fácil. Descartes escrevia fácil. Voltaire escrevia fácil. E faziam Filosofia.
Ainda que nenhuma definição seja última, provisoriamente tenho assumido duas características como fundamentais ao filosofar:
A primeira, antiga, implica em reunir três elementos imprescindíveis para que uma ação seja filosófica, a saber: admiração, razão e poética. Trata-se de incomodar-se com algo - mesmo que cotidiano -, refletir problematicamente sobre e, finalmente, criar, propor caminhos para lidar com tal objeto. A proposição dos caminhos - poética - é imprescindível; por isso apenas o desvelamento dos textos clássicos não pode ser filosofia. Naturalmente, propor caminhos não implica como necessário apontar o seu destino final.
A outra característica, empresto de Leopoldo Zea. Implica em tomar a filosofia como algo sempre original, em sentido muito próprio deste autor: a filosofia propõe respostas universalizáveis (e por isso é filosofia) a problemas necessariamente originados em uma realidade local (por isso, será sempre original). Não se pode filosofar sobre os problemas dos grandes filósofos, ainda que se possa apropriar dos caminhos por eles propostos para lidar com os problemas originais com os quais nos deparamos.
Ainda inspirado em Zea, entendo que a reunião destas duas características oferecem a possibilidade de uma filosofia Autêntica - única, portanto, merecedora do título Filosofia.
Mas toda esta reflexão é apenas o prefácio. Queria chegar à questão da autenticidade, importantíssima. Apresentarei nas próximas postagens alguns "autênticos" trabalhos artísticos com os quais me deparei nos últimos meses. São obras de arte que têm, cada qual a seu modo, originalidade, autenticidade, admiração, razão e poética. Tenho apreciado e espero que os amigos e visitantes do blog também apreciem.

Um comentário:

kelly guimarães disse...

com expectativa espero
kll