sábado, 11 de setembro de 2010

Campanha eleitoral e Ditadura

Nunca fui e não sou defensor do PT. Nem da Dilma. Não votarei em nenhum dos "4 grandes" (?) candidatos que estão concorrendo à eleição presidencial deste ano. Mais adiante publicarei neste blog uma declaração de votos - e, principalmente, de antivotos. Mas penso que não é possível colocar estes "figurões" da política todos como "farinha do mesmo saco". Tenho acompanhado com alguma alegria as pesquisas eleitorais, especialmente para o Senado, observando que vários velhos caciques não conseguirão se reeleger, depois de muitos [e muitos e muitos] anos como mandatários. No geral, estes são da aliança DEM-PSDB, sustentação maior do coronelismo brasileiro deste século XXI, sobretudo nas regiões Nordeste e Norte. Espero escrever sobre isso nas próximas semanas.
Mas há coisas que chateiam qualquer cidadão dotado de inteligência. Ao longo desta campanha eleitoral, recebi por diversas vezes uma suposta foto da ficha da Dilma no DOPS, a polícia da ditadura militar brasileira. E o e-mail sempre sugeria que este era um ponto conta a candidata. Com todos os defeitos que ela possa ter, ser considerada "criminosa" pela ditadura, é mérito, não demérito. Foi o que fizeram os bons militantes da época, alguns dos quais tenho a honra de conhecer.
No vídeo abaixo, gravado há cerca de 2 anos, a então ministra Dilma foi ao Senado tratar de um dos muitos escândalos do governo. Num ato de estupidez que garante a coerência com sua história política, o senador Agripino Maia - da aliança DEM-PSDB - acusa-a de ter mentido à polícia da ditadura. A resposta da Dilma, com toda a desarticulação do seu discurso, é algo que vale a pena ouvir. Em especial o final, quando ela supõe que ela, combatente da ditadura, e o referido senador, apoiador dos militares, ocupavam postos diferentes frente ao regime de exceção...


7 comentários:

Unknown disse...

Caro Daneil, dá até pra entender este discurso deste homem que apoiou a ditadura. Nos dias de hoje, ainda mais, porque há uma apelação discursiva que chega a beira do delírio. O que faz parte desta política.

MEIER F. C. disse...

olá Professor, como explicar um comentário como esse? Ele merecia uma pena maquiavélica (risos)
abração

Marcio Grassi Salvatti disse...

O vídeo mencionado é recorte semelhante ao e-mail sensacionalista que acusa Dilma.

Recomendo a entrevista dada por Fernando Gabeira durante sabatina Folha/UOL do dia 25/08/2010.

Essa mulher não lutava por princípios democráticos e não acho razoável que se distribua méritos assim. O conflito dela parece particular, assim como o de muitos. E isso assusta bastante.

No site do movimento contra o Ato Médico (http://www.atomediconao.com.br/), neste instante, fora do ar, se via, como principal destaque, a mensagem “Chegou a Hora da Vingança Democrática”, com “vingança”, em vermelho. Assusta.

As lutas têm sido cegas e impulsivas. A imunidade do presidente também é preocupante.

Daniel Pansarelli disse...

Faz-me pensar este medo de letras vermelhas...
Abraços.

Fantini disse...

A quantidade de terroristas daquela época é enorme, mas vamos pegar o expoente de todos, Diógenes Carvalho de Oliveira, de esquerda, matou com bombas, tiros e tortura muitos soldados e civis.

É evidente que a reação dos militares ao terrorismo foi exagerada. A ditadura esmagou com diversos meios de sofrimentos inúmeros jovens com ideias ingênuas, semelhantes com a do Cristianismo, só que ao contrário da ascensão aos céus, a ideia deles era criar na Terra a sociedade perfeita, idílica. Dificilmente estes jovens teriam poder para tomar a frente do país, mas naquela época, qualquer movimentação comunista era motivo de preocupação. A atual conjuntura mostrava que alguns aliados infiltrados nas estruturas do Estado, poderiam causar danos ao governo. Assim como Fidel, quando derrubou Fungêncio Batista. Era isso que queriam: o poder.

Os guerrilheiros nunca lutaram pela liberdade. Não existia liberdade dentro do próprio grupo, matavam delatores a torto direito, vide caso Elza Cupello Callônio que nunca se configurou como denunciante dos planos do Cavaleiro da Esperança, mas foi morta a mando dele.

A esquerda queria mudar e reestruturar a ideia de “liberdades democráticas” e estabelecer a ditadura do proletariado. Movimento parecido com o atual. Perigosos estes profetas da salvação.

Daniel Pansarelli disse...

Com o intuito de fazer deste um espaço de livre troca de ideias, publico o comentário acima, do Fantini.
Registro, todavia, discordar da abordagem dada no comentário, sobretudo pela forte marca de "senso comum", repetência de argumentos primários dos saudosos apoiadores dos ditadores, anti-democráticos.
Para politizar a discussão, recomendo a série de livros do Elio Gaspari - jornalista, não político profissional - sobre o assunto.

Fantini disse...

Não foi publicado aqui no blog, a primeira parte do meu comentário, onde descrevia alguns fatos históricos corroborados por Elio Gaspari. Primeira parte esta, onde explicava que antes da queda de Jânio Quadros, já havia guerrilheiros planejando ataques e possivelmente o enrijecimento militar não deu-se no vácuo ou por mero narcisismo como muitos reverberam por ai.

No dia 16 de Agosto de 2008, Elio Gaspari - o jornalista, não político profissional – postou em seu blog, algumas considerações sobre Diógenes Carvalho de Oliveira (membro da Vanguarda Popular Revolucionária). Elio descreve um atentado conduzido por ele contra Orlando Lovecchio Filho onde “arrebentou-lhe a perna esquerda” fazendo uso de uma bomba ao sair de uma garagem em plena Avenida Paulista.

O jornalista ratifica também que a bomba explodiu “nove meses antes da imposição ao país do Ato Inconstitucional nº5”.
Continua com uma afirmativa interessante, diz Elio “Essas referências cronológicas desamparam a teoria segundo a qual o AI-5 provocou o surgimento da esquerda armada. Até onde é possível fazer afirmações desse tipo, pode-se dizer que sem o AI-5 certamente continuaria a haver terrorismo e sem terrorismo certamente teria havido o AI-5.”

Caro Pansarelli, parece-me que o jornalista Elio Gaspari comete mesmo erro que o meu, “repetência de argumentos primários dos saudosos apoiadores dos ditadores, anti-democráticos”. Politizamos a discussão. E agora? Para onde esquivar-se?

Fonte: http://migre.me/1qGDC