segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Rápidas & Ácidas (II)

Continuando, na linha da postagem anterior:

Toda ciência que não nos torna melhores é inútil e quase sempre perigosa.
César Chesneau du Marsais


A descoberta da verdade sempre foi o maior obstáculo aos sistemas de religião. E é por isso que os padres cristãos, que conheciam a causa da queda de seus predecessores, sempre tentaram sufocar as ciências desde o berço. Como a experiência fez ver que os autores dos livros sagrados haviam errado sobre alguns fatos notáveis, concluiu-se pela não-divindade dessas obras,. Indo mais longe, observou-se que esse sistema do mundo tão belo e, na aparência, tão miraculoso não era no fundo senão um arranjo necessário, que não poderia ser de outro modo. Inferiu-se daí que uma causa primeira não seria – se ela existisse – senão uma causa ociosa e inútil. Essas conseqüências evidentes dos princípios mais certos não poderiam deixar de ser fatais para os padres, e eles nada pouparam para interromper o encadeamento que levaria à sua destruição total. Seu ardor em perseguir os sábios não diminuiu, no entanto, o zelo destes últimos: eles não deixaram ao erro o tempo de desfrutar do benefício da prescrição

(Observação minha: quando li, pensei que o autor se referia à recente discussão sobre a liberação do uso de células tronco em pesquisas científicas; só depois lembrei-me que o texto data de 1771)
Anônimo [em Giordano Bruno Redivivo]


Se os homens têm tanta dificuldade para unir a idéia do pensamento com a idéia da extensão, é porque eles nunca viram a extensão pensar. Eles são, com relação a isso, como um homem que nasceu cego é com relação às cores ou como um surdo de nascença é com relação aos sons: estes não conseguiriam unir essas idéias com a extensão que eles apalpam, porque jamais presenciaram essa união.
César Chesneau du Marsais

Um comentário:

William Berger: Arte Teatral, Antropologia Política e Sociedades disse...

Olá Daniel. Sou o William Berger, de Vitória - ES. Vi seu comentário ao texto de Teatro do Oprimido em meu blog williambergerator.blogspot.com . Fico muito feliz em poder dialogar com você. O texto que viu lá é parte do trabalho de conclusão de curso de Serviço Social da Universidade Federal do Espírito Santo. Seu texto sobre Dussel, nas referências bibliográficas, foi mais utilizado no segundo capítulo que postei agora para que pudesse ver sua contribuição em nossa discussão sobre opressor e oprimido aqui na UFES. Com certeza você me ajudou muito. Uma apresentação muito boa de Dussel, que me chamou a atenção pela linguagem leve e a reflexão profunda. Uma verdadeira lanterna para quem quer conhecer a obra desse argentino.

Um forte abraço,

William Berger
Ator e Assistente Social