sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O mito da criação (da filosofia)

O autor a quem venho dedicando a maior parte dos meus estudos, Enrique Dussel, vem propondo em suas últimas obras (Ética da Libertação e Política da Libertação , esta última em três volumes, o último ainda a publicar) uma releitura da história que tenha como princípio um além-ocidente. Dito de outra forma: se tentássemos interpretar a história do mundo sem termos como referenciais inabaláveis os marcos eleitos como relevantes pelo Ocidente, como resultaria esta interpretação?
As descobertas de Dussel são, no mínimo instigantes. Coisas que, muitas vezes, sabemos, mas não levamos a sério, apesar de sua imensa importância. Descartamo-as autoritariamente. Se não por autoritarismo, por que não estudamos os egípcios mesmo depois de ler em Aristóteles que a origem da sabedoria grega está nos sábios egípcios (Met., I, 1; 981b, 22-26)?
Partindo de pontos como este, Dussel se dedica ao estudo das civilizações e dos povos não ocidentais, encontrando maravilhas que conhecemos como gregas, existindo 2 mil anos antes dos gregos. O autor nos mostra princípios de organização política e racional em um passado muito mais remoto do que o tempo que decidimos, miticamente, estabelecer como início - a grécia helênica. E nos lembra:
O que posteriormente será conhecida como Grécia Clássica era, no IV milênio a.C. um mundo bárbaro, periférico, colonial e meramente ocidental com relação ao oriente do Mediterrâneo, que desde o Nilo ao Tigre, constituía o "sistema" civilizatório nuclear. (Ética da Lib., p. 25)

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