quinta-feira, 16 de agosto de 2007

As teses e a prática

O conjunto das teses de Marx (postagem abaixo) parecem apontar para alguns poucos caminhos comuns, dentre os quais a dimensão prática da Filosofia. Trata-se de uma crítica à filosofia de gabinete, fechada sobre a escrivaninha do seu autor ou restrita às bibliotecas e aos círculos acadêmicos.
Lembro-me que Descartes também criticava essa filosofia distante da realidade, solta do mundo existente, desenraizada. No Discurso do Método ele não poupava críticas aos filósofos do seu tempo, que produziam filosofias distantes da realidade vivida. Mas o próprio Descartes, para escrever seus discursos e meditações, tracava-se isolado num quarto onde ninguém poderia incomodá-lo...
Isso faz pensar que, em se tratando de Filosofia, até mesmo o conceito de uma "filosofia prática" precisa ser esclarecido. A prática de Descartes, parece, era bem diferente da prática de Marx.
No mundo da filosofia há uma brincadeira sobre os diferentes grupos de estudiosos de Marx - grupos que têm interpretações diferentes, e ficam se degladiando (não na prática, apenas em teoria): diz-se que existem marxistas, marxianos e marxólogos. Eu não vou entrar no mérito de quem é quem nessa história. Mas não sei se muitos destes estudiosos, seja de qual grupo for, seguem de fato a dimensão prática presente em Marx - lembremos que ele foi militante político, atuando como dirigente comunista. A maioria dos marxistas-anos-ólogos que temos notícias se detém no estudo teórico. Talvez como cartesianos estudiosos da teoria emanada de Marx.