quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Espanto

É sabido que desde os filósofos clássicos se entende que a postura filosófica começa com o espanto, ou com a admiração. A atitude de espantar-se diante de algo, sobretudo se este algo for objeto pelo qual normalmente se 'passa batido', é o princípio da possibilidade uma reflexão que poderá se tornar filosófica. Espantar-se diante do cotidiano, admirá-lo, é oportunidade de refletir sobre o não-refletido.

Esta semana, numa aula de Filosofia, usei um exemplo prático para exemplificar esta atitude de 'refletir sobre o não-refletido' - e este exemplo ficou na minha cabeça desde então. Não que seja algo extraordinário, na verdade é bastante óbvio, mas muito significativo. Na ocasião, eu disse que me espanta perceber como é comum encontrar em nossa televisão programas do porte do Domingão do Faustão, que estão no ar há mais de uma (talvez duas) décadas...


Nesta série de tirinhas, publicada pelo Caco na Folha de S. Paulo, o Chico Bacon teve o cérebro engolido pelo zumbi (ou algo do tipo). Em uma das tirinhas anteriores, o tal papa-cérebros recusou degustar uma cabeça pelo fato do seu dono ser especialista em filosofia fenomenológica - alegou que causava indigestão!?!
Mas para a TV, parece, não se precisa de cérebro. E o pior é que não há muita gente que se espante com isso...